Os servidores do Judiciário Federal do RS realizaram, hoje, Dia Nacional da Indignação, o maior ato público da retomada da mobilização. A atividade reuniu mais de 400 servidores, que fecharam o sentido bairro-Centro da Avenida Praia de Belas, em frente ao TRT. Logo após, em assembleia geral, foi aprovada a continuidade da greve por reposição salarial. A decisão seguiu indicativo do Comando Estadual de Greve, que havia se reunido pela manhã.
A concentração teve início nas varas trabalhistas, com um salchipão ao meio-dia. Para “aquecer”, como tradicionalmente ocorre nas atividades no local, os servidores fizeram uma caminhada no entorno dos prédios, com apitaço e batucada, chamando os demais para descerem. A caminhada pela Avenida Praia de Belas reuniu um grande número de colegas das justiças do Trabalho, Federal e Eleitoral e aposentados, de Porto Alegre e do interior. Com faixas, cartazes e palavras de ordem como “Trabalhador na rua, Dilma a culpa é tua”, mostraram a indignação contra o desrespeito do governo, que novamente cortou o orçamento a previsão de reposição salarial dos servidores do Judiciário.
Contra o corte orçamentário
Na chegada ao TRT, foi realizado o ato público, seguido de assembleia geral. Foram relatadas as dificuldades alegadas por alguns estados para a manutenção em greve, como relatado no Comando Nacional de Greve; por outro lado, a boa notícia é que Minas Gerais se integra ao movimento paredista a partir da próxima segunda-feira. Também foi lembrado que, em nenhum momento, a categoria conquistou alguma reposição salarial sem ter se mobilizado.
O corte do orçamento do Judiciário por parte de Dilma foi duramente criticado na maioria das intervenções. O colega Rafael Scherer, da JT, ressaltou que a categoria já tem projetos de reposição salarial e que está cansada de promessas. Para conquistar, só com greve, pois “não existe conquista sem luta”, concluiu. Dilma repetiu 2011, rasgou a Constituição, afirmou o diretor do Sintrajufe/RS Paulo Gustavo Barroso Júnior. Ele foi contundente ao afirmar que isso é inadmissível e que a presidente terá de assumir o ônus político e jurídico de sua atitude.
Unidade para conquistar a vitória
“Não estamos lutando apenas por reposição, mas para que a carreira não vá para o abismo, lutamos contra a fragmentação da carreira”, afirmou o diretor Andrés Cevallos. Para ele, o corte de orçamento é, também, um corte moral. O dirigente está seguro de que o caminho para a categoria alcançar a vitória é o da unidade, não apenas entre colegas do Judiciário, mas também com o Ministério Público da União (MPU), cujo novo projeto de reposição foi encaminhado na mesma data ao Congresso Nacional. Unidade também foi o cerne da fala do diretor Paulinho Oliveira. Segundo ele, as bandeiras, os adesivos, a presença dos servidores na rua são a evidente manifestação da unidade da categoria na construção de uma mobilização que levará à vitória.
“A gente não aguenta mais perder para a inflação ano após ano”, disse o diretor Cristiano Moreira, lembrando os quase 50% de perdas salariais da categoria. O dirigente lembrou a todos que, se a categoria está em greve, a culpa é do governo, que não valoriza os servidores, e da cúpula do STF, que não negocia com o governo para viabilizar a reposição salarial. “O exemplo da luta vitoriosa do primeiro semestre contra a PEC 59 nos mostra o caminho para conquistar a reposição”, disse Cristiano. Para o diretor, a categoria precisa ampliar a unidade “não apenas retórica, mas no cotidiano da luta” para derrotar esses dois inimigos poderosos que vêm desrespeitando os servidores diuturnamente. “Paz entre nós e guerra aos senhores”, finalizou.
O colega Adriano da Costa Werlang, da JT, explicou que os colegas têm de entender que a greve é do interesse de todos e que não há, na história da categoria, uma só conquista que não seja resultado da luta. Segundo ele, o momento é de unir forças, de todos trabalharem, em unidade, em prol da greve. No mesmo sentido, o também colega da JT Alan Carlos Dias da Silva ressaltou que “o tamanho da vitória será do tamanho da nossa unidade”.
O diretor Ruy Almeida saudou os colegas em greve e os não grevistas que pararam hoje para participar do ato público. Ele disse que a categoria, unida, mostrou sua força quando derrotou a PEC 59/13. Lembrando o primeiro aniversário de posse da atual direção, completado ontem, o dirigente afirmou que a grande presença da categoria na atividade e as conquistas até aqui mostram que se está no caminho certo. “Assim como derrotamos a PEC 59, tenho certeza de que, com luta, podemos vencer”, concluiu.
Unidade com os trabalhadores do MPU
Recém-removido para o Rio Grande do Sul, o dirigente da Fenajufe Jean Loiola, servidor do MPU presente na atividade a convite do Sintrajufe/RS, disse que, em 20 anos de carreira no serviço público, não tem o registro de uma só vitória obtida sem que tivesse sido precedida por mobilizações. Para ele, é preciso identificar o inimigo, que não é o colega que tem uma posição política diferente ou aquele que ainda não entrou na greve; o inimigo está em Brasília: é Dilma, Lewandowski e o procurador da República Rodrigo Janot (no caso do MPU).
O dirigente ressaltou que, enquanto a categoria sofre com arrocho salarial, a magistratura se mobiliza para aumentar seu subsídio e outros itens. “Se não espernearmos, vamos ficar a ver navios mais uma vez”, disse ele. A direção do sindicato ressaltou que o convite aos servidores do MPU para participarem da atividade desta quarta-feira é um primeiro passo de uma longa caminhada de unidade com os trabalhadores do Judiciário Federal, como previsto no programa de gestão da atual diretoria do Sintrajufe/RS.
Atividades de mobilização
Além da continuidade da greve, a assembleia aprovou o envio de uma caravana de 15 colegas para o ato nacional, no dia 10, em frente ao STF, dia da posse de Ricardo Lewandowski. Foi autorizado, também, pela assembleia, o ingresso de ação judicial questionando o corte no orçamento, caso não seja feita, até sexta-feira, a inclusão dos valores do PL 7.920/14 no Anexo V do projeto de Lei Orçamentária de 2015, e buscando essa inclusão, independentemente de iniciativa no mesmo sentido pela Fenajufe, conforme encaminhamento defendido pelo Sintrajufe/RS e aprovado no Comando Nacional de Greve. Foi aprovada, ainda, a realização de atividade de mobilização quando da vinda da presidente Dilma ao estado.
Por fim, a assembleia aprovou o calendário para os próximos dias. Confira e participe das atividades.
• 4 de setembro, quinta-feira , às 14h: arrastão de mobilização na Justiça Federal
• 5 de setembro, sexta-feira, às 9h: reunião do Comando Estadual de Greve, nas varas trabalhistas
• 5 de setembro, sexta-feira, às 14h: arrastão de mobilização nos prédios da Justiça Eleitoral
• 8 de setembro, segunda-feira, às 14h: atividade no Anexo da JE, no período em que a JE faz o simulado das eleições 2014
• 11 de setembro, quinta-feira, às 14h: assembleia geral de avaliação da greve, nas varas trabalhistas
Por Rosane Vargas, Sintrajufe/RS
Fotos: Leandro Dóro e Rosane Vargas