Nessa quinta-feira, 2, a Tribuna Popular, na sessão ordinária da Assembleia Legislativa do RS, foi realizada em alusão ao Dia Internacional da Mulher,. A oradora foi Adriane Nunes Cordonet, da Coordenação de Comunicação e Formação da Oscip Guayí e integrante da Marcha Mundial das Mulheres. Ela fez uma convocação para participação nas atividades 8 de Março: “Nossa chamada para todas estarmos na rua neste dia 8 é em defesa da vida e dos direitos das mulheres! Sem Anistia para os golpistas!”. O Sintrajufe/RS estava presente, representado pelas diretoras Arlene Barcellos e Marli Da Campo Zandoná.
A Tribuna Popular ocorre na primeira quinta-feira de cada mês, quando representantes de entidades da sociedade civil podem se manifestar no plenário da Assembleia Legislativa.
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Em sua fala, Adriane Nunes Cordonet informou que, no primeiro semestre de 2022, a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos registrou 31.398 denúncias e 169.676 violações envolvendo violência doméstica contra as mulheres. Foram 699 casos de feminicídio no primeiro semestre de 2022. As mulheres negras são 67% das vítimas de feminicídios e 89% das vítimas de violência sexual. Além disso, “somos, há 14 anos, o país que mais mata pessoas trans. Foram 131 em 2022”. No Rio Grande do Sul, uma mulher é agredida a cada 22 minutos.
Cordonet também defendeu direitos das mulheres com deficiência e de mães atípicas e a revogação da Lei de Alienação Parental. Falou, ainda, sobre o direito de todos e todas à educação e de vagas em escolas e creches para as crianças.
A oradora também falou sobre a desigualdade salarial entre homens e mulheres.“Sendo nós, mulheres, a principal fonte de renda da maioria das famílias trabalhadoras desse país, segue existindo a diferença salarial entre homens e mulheres, e essa diferença é brutal se compararmos o salário entre homens brancos e mulheres negras. A diferença salarial entre gêneros só faz contribuir para seguirmos construindo a desigualdade social e convivermos com a miséria aumentando em nosso país e estado”, apontou.
Segundo Cordonet, “após quatro anos de um governo fundamentalista como o de Jair Bolsonaro”, foi possível “respirar”, visto que foi um período de ódio contra as mulheres, os indígenas e a população negra, o desprezo com todas as pessoas que pertencem à classe trabalhadora. O que, somado à crise econômica e à pandemia, resultou em aumento do desemprego, da fome, da miséria, da violência física e psicológica.
“Não é possível permitir que aqueles que defendem a ditadura militar e a tortura, e que organizaram e financiaram a invasão dos três poderes em Brasília, no dia 8 de janeiro, saiam impunes”, declarou. Ela defendeu que é preciso pôr fim à misoginia, ao racismo e à LGBTfobia “entranhadas no Estado capitalista, que destrói as políticas sociais tão necessárias à garantia de nossas vidas”.
Reivindicações
A oradora apresentou reivindicações do movimento: aumento real do salário mínimo acima da inflação; perdão das dívidas das famílias mais pobres e taxação das grandes fortunas; valorização salarial para as trabalhadoras essenciais como profissionais da saúde, da educação e da limpeza urbana; revogação da reforma do ensino médio; defesa do programa nacional de habitação voltado à moradoras de áreas de risco, e mulheres vítimas de violência doméstica; criação de uma política eficaz de combate à morte materna e que contemple os nossos direitos reprodutivos; ações contra a violência obstétrica, pela humanização do parto e do puerpério; direito ao aborto como política de saúde pública e ações para ampliação de serviços de aborto legal e de atendimento às mulheres e meninas vítimas de violência sexual; construção de redes de apoio e casas abrigo para mulheres em situação de violência com seus filhos; e defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Sistema Único de Assistência Social (Suas).
“Que nenhuma menina precise evadir da escola por falta de absorvente. Que se garanta a dignidade menstrual a todas as meninas, mulheres e pessoas que menstruam”, defendeu ainda. Por fim, mencionou as feministas latino-americanas: “Precisamos de educação sexual para decidir; contraceptivo para não engravidar; e de aborto legal e seguro para não morrer”.