fbpx

Com racismo, não há democracia”, destaca Marcha Independente Zumbi Dandara, que reuniu centenas de pessoas em Porto Alegre

Com racismo, não há democracia”, destaca Marcha Independente Zumbi Dandara, que reuniu centenas de pessoas em Porto Alegre

Na tarde desse domingo, 20, Dia Nacional da Consciência Negra, centenas de pessoas participaram da Marcha Independente Zumbi Dandara em Porto Alegre. A atividade denunciou o quadro de racismo estrutural e desigualdades que desafiam o cotidiano da população negra no Brasil, sob o lema “Enquanto houver racismo, não haverá democracia. Ditadura nunca mais!”.

A Marcha foi organizada pelo movimento negro e apoiada por mais de 40 entidades, como o Sintrajufe/RS, centrais, sindicatos, movimentos sociais e populares e partidos de esquerda.

Os e as manifestantes se concentraram a partir das 16h, no Largo Zumbi dos Palmares. Após a realização de um ato com apresentações de rappers porto-alegrenses, falas de sindicatos e movimentos sociais, a marcha passou por locais históricos para o povo negro na capita gaúcha e se encerrou na Praça do Tambor, no Centro Histórico.

Com faixas, cartazes, tambores, capoeira, esquetes culturais e carro de som, o ato levou a diversidade da história do povo negro para a reflexão da cidade.

Houve uma parada na Rótula das Cuias para pronunciamentos das centrais sindicais. Nas imediações da Usina do Gasômetro, integrantes do Conselho do Povo de Terreiro realizaram uma homenagem a Oxum e flores foram jogadas nas águas do Guaíba.

Na caminhada, manifestantes lembraram também os dois anos do assassinato por espancamento e asfixia do homem negro João Alberto Freitas, o Beto, no estacionamento de uma loja do Carrefour, na zona norte de Porto Alegre, na véspera do Dia da Consciência Negra, em 2020.

Combater o racismo é tarefa de toda a classe trabalhadora

A secretária de Combate ao Racismo da CUT-RS, Isis Garcia, salientou a presença da comunidade negra na história da capital gaúcha. “Nós estamos aqui porque a cidade nos pertence. A cidade é um território preto e nós queremos compartilhar, queremos valorizar cada lugar. Queremos que o mundo do trabalho seja um espelho de uma sociedade inclusiva e democrática. Viva o 20 de Novembro! Viva Dandara, viva Zumbi”, afirmou.

“As nossas pautas estão totalmente interligadas. As pautas sociais com as pautas sindicais são únicas porque o que a gente quer é que as relações de trabalho sejam realmente um espelho das relações com as pessoas, com a sociedade”, analisou a dirigente. Ela chamou a atenção para o racismo ambiental: “Dizer para Porto Alegre que nós temos direito à cidade é temos que enfrentar o racismo ambiental. Os nossos territórios estão à mercê de uma falta de saneamento básico, de uma segurança que é violenta. Esse racismo ambiental permeia a mobilidade da cidade. Lugares com mais privilégios, com mais tranquilidade ainda são territórios brancos”, criticou.

Falando em nome do Sintrajufe/RS, a diretora Roberta Vieira destacou que, por mais de 400 anos e ainda hoje, a violência tenta destruir a população negra, esta ainda é mais de 50% da população brasileira. “Sofremos muito, em especial, nos últimos 4 anos, perdemos muito, mas a luta continua”.

 A diretora disse que a luta e a resistência das pessoas negras precisam ser celebradas, por exemplo, no Judiciário, onde, com a política de cotas nos concursos públicos, chegam, atualmente, a quase 18% do pessoal; nas universidades, onde cada vez mais negras e negros ocupam espaços.

A cultura, a religiosidade, a representatividade no parlamento se fortalecem e crescem, mas é pouco, avalia a dirigente, pois esses números ainda não correspondem à realidade: “não vamos parar até que todas as instituições sejam uma representação fiel da população para a qual elas trabalham e que estejam comprometidas efetivamente com a existência e com o futuro do povo negro”.

O momento era de protesto, reafirmação, mas, lembrou Roberta Vieira, todos e todas estavam ali também para exaltar Zumbi e Dandara, “para parabenizar a classe trabalhadora brasileira, que é negra desde a sua origem e que segue sendo quem sustenta e move este país”.

Sintrajufe/RS com informações de CUT-RS

Pin It

afju fja fndc