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20 de novembro: Dia de reafirmar a luta contra o racismo e a desigualdade

Sindjus/DF 

Em todo o país, neste domingo, 20 de novembro, é lembrado o legado de Zumbi dos Palmares. O Dia da Consciência Negra é a data mais importante para os movimentos que atuam em defesa da liberdade e contra a exploração e a opressão de negros e negras. É o dia de desmascarar o mito de que não há mais racismo no Brasil e de reafirmar a luta contra as desigualdades sofridas por uma parcela importante da população brasileira em função da cor de pele, ancestralidade e origem de classe. É o momento de celebrar a resistência. 

O Sindjus-DF, neste dia, convida toda a categoria a se somar à luta contra o racismo e por igualdade de oportunidades entre brancos e negros, homens e mulheres, na sociedade em geral, como no Judiciário Federal e no MPU. Os números divulgados todos os anos mostram as diferenças enfrentadas pela população negra, especialmente mulheres e jovens, que são a maioria entre a população desempregada e entre os que estão fora das universidades. Além disso, é preciso considerar a violência sofrida, cotidianamente pelas mãos do Estado, por jovens negros das periferias de todo o país. Segundo o relatório final da CPI do Senado sobre o Assassinato de Jovens, divulgado em junho último, todos os anos cerca de 23.100 jovens negros de 15 a 29 anos são assassinados no Brasil. São 63 por dia; um a cada 23 minutos. De acordo com o Mapa da Violência, a taxa de homicídios entre jovens negros é quase quatro vezes a verificada entre os brancos (36,9 a cada 100 mil habitantes, contra 9,6). Quando inclui o recorte de gênero, os dados mostram que as taxas de homicídio de mulheres brancas caíram 11,9% de 2003 a 2013, enquanto as taxas das mulheres negras cresceram 19,5% nesse mesmo período. 

Em relação ao mundo do trabalho, os estudos também comprovam que trabalhadores pretos e pardos recebem salários bem abaixo de seus colegas brancos. Em 2015, trabalhadores negros ganharam, em média, 59,2% do rendimento dos brancos. 

Quando a análise é em relação às mulheres negras, os dados ainda são mais alarmantes. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio de 2014 (Pnad) - estudo promovido pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) - aponta um alto índice de precarização das atividades desenvolvidas por trabalhadoras negras: 39,08% das mulheres negras ocupadas estão inseridas em relações precárias de trabalho, seguidas pelos homens negros (31,6%), mulheres brancas (26,9%) e homens brancos (20,6%). Estas mulheres também possuem a menor remuneração e são o maior contingente de empregadas sem carteira assinada e em atividades reconhecidas como autônomas. Segundo a análise, mesmo com o movimento de aproximação das rendas, em 2014 as mulheres negras ainda não haviam alcançado 40% da renda dos homens brancos, que era de R$ 2.393, em comparação aos seus rendimentos médios de R$ 946. 

No serviço público, embora a política de cotas tenha facilitado o acesso, ainda são poucos os negros que passam em concursos públicos. O processo de exclusão é ainda mais perceptível quando olhamos para o Judiciário e o MPU, onde o número de servidores negros segue muito pequeno.  

É preciso encarar de frente o fato de o Brasil ainda não ter virado a página de um dos períodos mais sangrentos de sua história e isto fica cada vez mais óbvio nesse momento em que as pessoas assumem sem qualquer pudor, no mundo virtual e no mundo real, seus preconceitos. Diariamente, em todo o canto do país, negros e negras são vítimas de racismo em seus locais de trabalhos, nas escolas, nas universidades, no serviço público, nos esportes, nos comércios, na mídia e nas redes sociais. 

Por isso, entendemos que o 20 de Novembro é dia de celebrar a resistência de Zumbi, de Dandara, de Aqualtune, de Acotirene, de Luisa Mahin, de Luís Gama e de tantos outros heróis negros que lutaram por liberdade. Mas é, sobretudo, dia de reafirmar a nossa luta contra o racismo e a desigualdade.

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