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SP: Após pressão, TRT-2 suspende expediente até segunda-feira

Servidores, Magistrados e Advogados fizeram ato conjunto para exigir medidas imediatas de segurança no Ruy Barbosa


Shuellen Peixoto
Sintrajud/SP 

Fotos: Cláudio Cammarota 

Após pressão dos servidores, magistrados e advogados, TRT-2 suspendeu o expediente nestas quinta, sexta e segunda-feira, 1, 2 e 5, para agilizar obras de segurança no Fórum Trabalhista Ruy Barbosa para impedir que aconteçam mais suicídios no prédio. Na tarde desta quarta-feira, 31, foi realizado ato conjunto com a participação de servidores, magistrados e advogados, que decidiram paralisar atividades até que as medidas de segurança sejam implementadas e concluídas.

Logo pela manhã desta quarta-feira, 31, os servidores se depararam com as obras de segurança inconclusas. Apenas o acesso às rampas foi fechado com chapas de madeira. No entanto, os acessos aos parapeitos continuam abertos e sem segurança suficiente para impedir novas tragédias.

Indignados, os servidores vestiram preto e protestaram durante todo o dia por segurança e melhores condições de trabalho. Durante a manhã, a categoria fez uma manifestação com a participação da Associação dos Advogados Trabalhistas de São Paulo.

A tarde, foi a vez dos magistrados juntarem-se a manifestação. Para o juiz Leonardo Grizagoridis, da AMATRA, é importante a unificação dos setores, com suspensão de audiência, no caso dos magistrados, na exigência de segurança no prédio. “Aqui ninguém quer ficar sem trabalhar, o que estamos exigindo é que as condições de trabalho passem a ser prioridade neste Tribunal, não podemos lidar com uma Administração que faz improvisos e coloca em risco nossa vida”, afirmou.

Para Inês Leal, diretora do Sindicato e servidora da JT, a presidente do TRT-2, Silvia Devonald, tem sido negligente e ignorado o que tem ocorrido. “Só na gestão dela foram 5 mortes neste prédio, e não foi tomada nenhuma medida até março deste ano, quando colocaram fitas de segurança nas rampas, o que não consegue impedir nada”, afirmou. “Por isso, estamos aqui, somente a união da categoria pode mudar esta realidade, não vamos aceitar que a presidente nos responda ‘se não aguenta pegue sua malinha e vai embora’, queremos que seja garantidas condições de trabalho, físicas e psicológicas”, declarou Inês.

Inês esclareceu ainda que em reuniões anteriormente feitas entre a Administração e representantes do Sintrajud, AMATRA e da AAT, o arquiteto responsável pelo prédio, Décio Tozzi, concordou com a proposta de instalação de redes de segurança nos corredores, rampas e rol dos elevadores.

“Na época, o valor apresentado para instalação das redes pela Administração foi de duzentos mil reais e nos falaram que, mesmo com os cortes, era possível remanejar verbas e garantir a instalação, mesmo assim ela não o fez e segue colocando nossas vidas em risco”, ressaltou Inês.

Na opinião Lívio Enescu, presidente da AAT/SP, é preciso responsabilizar a presidente do TRT-2, Silvia Devonald, que tem negligenciado a situação do Fórum Ruy Barbosa. “Temos que unir advogados, juízes e servidores e entrar com uma ação contra a presidente deste tribunal”, declarou.

O psicólogo do Sintrajud, Daniel Luca participou o ato e destacou a possibilidade de adoecimento dos servidores que trabalham no Ruy Barbosa. “É preciso que a Administração tenha o mínimo de sensibilidade com os servidores que trabalham neste prédio, não é possível lidar com situações como essas como se fossem cotidianas”, afirmou.

Reunião com a Administração

Após a manifestação, uma comissão de servidores, magistrados e advogados participaram de uma reunião com o vice-presidente judicial, desembargador Wilson Fernandes, e a corregedora, desembargadora Beatriz de Lima Pereira. A comissão exigiu medidas concretas de segurança e a suspensão do expediente para a conclusão das obras de segurança no prédio.

O desembargador Wilson Fernandes afirmou concorda que a solução do emadeiramento deve ser considerada como provisória. “Acho que os tapumes devem ser uma solução emergencial, mas temporária, depois devem ser instaladas as redes”, declarou.

Durante a reunião, os representantes das entidades apresentaram a situação de insegurança que ainda se encontra o prédio e pediram a suspensão do expediente até a conclusão das obras de segurança. O desembargador comprometeu-se de consultar a presidente do Tribunal sobre a suspensão do expediente. “Sabemos que não vamos eliminar completamente o risco, mas podemos reduzir, por isso é importante terminar os trabalhos”, afirmou o desembargador.

Além disso, a comissão questionou a segurança real do emadeiramento, já que os tapumes podem ser uma medida perigosa, pois podem soltar e cair em alguém ou oferecer mais riscos de incêndio. Por isso, foi solicitado que seja apresentado um laudo do corpo de bombeiros o mais rápido possível e o conserto das portas corta incêndio do Fórum.

Algumas horas após a reunião, foi publicada a portaria que suspende o expediente de quinta, sexta e segunda-feira, dias 1, 2 e 5 de setembro, no Fórum Trabalhista Ruy Barbosa.

Para o servidor da JT, Tarcísio Ferreira, a suspensão do expediente só foi possível pela mobilização e luta dos servidores, unificados com magistrados e advogados. “Sigamos atentos aos desdobramentos e mobilizados por nossas condições de trabalho, segurança e integridade”, finalizou.

 

Carta Aberta: Basta de descaso e omissão!

Infelizmente, 29 de agosto foi mais um dia de dor e tristeza no Fórum Trabalhista Ruy Barbosa. Mais um caso de suicídio, um pai que ao cometer tal ato levou também seu filho de quatro anos. Esse foi o quarto caso neste prédio, somando cinco mortes em menos de dois anos, durante a mesma gestão do corpo diretivo do tribunal.

Desde o primeiro acontecimento, trabalhadores deste fórum, advogados e magistrados, cobraram providências da direção do tribunal, exigindo que o prédio fosse adaptado de modo a evitar novos episódios. Durante mais de um ano e meio, nada foi feito.

Em março de 2016, após o terceiro incidente, seguido de um ato conjunto que manifestou indignação e tristeza com o fato, a presidência recusou todas as sugestões apresentadas para solucionar a questão e determinou a realização apenas de medidas que nada resolveram e pioraram ainda mais as condições de trabalho no fórum.

Seis meses depois, na última segunda-feira, a tragédia anunciada se repetiu.

Mesmo após grande repercussão, a direção do tribunal continua, intransigentemente, ignorando sugestões e reivindicações das pessoas que neste local trabalham e circulam diariamente, e insistindo em manter medidas que já se provaram ineficazes.

Além disso, como resultado do corte orçamentário que atinge a Justiça do Trabalho, foram demitidos vigilantes e diversos andares ficaram descobertos.

As condições de trabalho se deterioram diariamente e isso a todos prejudica, pois além da circulação restrita que atrapalha o dia a dia e traz maior insegurança, faltam funcionários. O tribunal jamais atendeu o quantitativo de servidores estabelecido nas resoluções 63/10 do CSJT e 219 do CNJ. Operamos hoje com apenas 65% da força de trabalho recomendada, apesar de termos a maior sobrecarga de trabalho do país. Tal sobrecarga, aliada à insegurança de um trabalho desenvolvido em ambiente de risco, afeta nossa saúde física e psíquica. Tiram qualidade do trabalho e da vida. Tudo isso traz prejuízos não só aos servidores e magistrados, mas também aos advogados e aos trabalhadores que buscam nessa justiça o respeito e a garantia dos seus direitos.

Além das cinco vidas que se foram, a nossa se esvai também a cada dia ao sofrer essas condições.

Depois desse fato, não podemos mais suportar em silêncio e como se fosse natural a omissão, a negligência e a intransigência da direção do tribunal.

Decidimos hoje, dia 31 de agosto, que paralisaremos nossas atividades até que solução efetiva seja implementada, que a segurança das pessoas que aqui circulam e trabalham seja garantida. Sabemos do impacto dessa decisão, mas não podemos mais suportar esse peso sozinhos, individualmente, sobre nossas costas. Com isso, exigimos que a presidente Silvia Devonald e demais componentes do corpo diretivo dialoguem com todos os afetados e tomem as providências urgentes e necessárias, assumindo a responsabilidade que lhes cabe.

Que a solução seja rápida para que logo possamos retomar as atividades, com o menor impacto possível. Trabalhadores, magistrados e advogados estamos agindo conjuntamente em defesa da Justiça do Trabalho e da vida, para que esse prédio seja lembrado e reconhecido de forma positiva, pelo respeito que simboliza e pelo bom serviço prestado à população, e não pelas tragédias que nele ocorreram. 

Trabalhadores da Justiça do Trabalho

Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal no Estado de São Paulo (Sintrajud) 

Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 2ª Região (Amatra-2)

 

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