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Servidores do Judiciário protestam contra veto ao PLC 28 durante visita de Dilma ao Maranhão

Sintrajufe/MA 

Apesar de, como dito por um assessor palaciano, os servidores do Judiciário Federal “não terem sido convidados” para a festa feita para receber a presidenta Dilma Rousseff no Maranhão, eles fizera questão de ir até lá e dar seu recado contra o veto presidencial ao PLC 28, aos qual continuam na busca de apoio para sua derrubada (ontem mesmo estiveram com um deputado federal do PT pelo Maranhão que declarou solidariedade aos servidores e que, caso seja indicado voto contrário à derrubada do veto, o mínimo que ele pode fazer é se abster da votação).

A visita de Dilma ao Estado aconteceu nesta segunda-feira, dia 10 de agosto. A entrega de casas do Programa Minha Casa Minha Vida, anunciada como a primeira das viagens da presidenta Dilma Rousseff em busca de apoio popular num momento em que a aprovação do governo não alcança a casa dos dois dígitos, contou com um ato que destoou da festa montada para recebê-la em São Luís do Maranhão.

Mesmo barrados por um assessor da presidência da República, que gritava que os servidores “não foram convidados”, um grupo deles fez bastante barulho durante a chegada de Dilma à capital, mais precisamente no local do evento, na zona rural da cidade, onde seriam entregues as casas do residencial Santo Antônio. Eles acompanharam a chegada da presidenta de helicóptero com faixas, e depois se dirigiram ao local onde estava montado o palanque, tendo sido barrados pelo assessor da Secretaria Geral da Presidência da república, Wlamir Ubeda Martines, antes de chegar a área reservada para o público selecionado para aplaudir a presidenta. No local, era possível acompanhar ônibus vindos de cidades do interior, como Timon ou Caxias, ambas na região dos Cocais, com faixas que demonstravam ter sido trazidos pela prefeitura da cidade. Também era possível ver dezenas de crianças com menos de dez anos de idade, conduzidas com cartazes de apoio, sob o sol escaldante da capital maranhense.

Foco

Mesmo com os manifestantes explicando que o intuito era apenas dar visibilidade ao movimento, o assessor palaciano insistiu que os servidores não eram convidados e que não podiam passar adiante. Os servidores, em greve desde o dia 10 de junho, protestam contra o veto de Dilma ao projeto enviado pelo Supremo Tribunal Federal e aprovado com ampla maioria no Congresso Nacional que reajusta os salários da categoria. Eles vêm buscando apoio de deputados federais e de senadores para a derrubada do veto.

À indignação dos servidores, outras vozes foram se somando, como a da professora que denunciava a Prefeitura de São Luís pelo descaso com as escolas comunitárias e a falta de merenda escolar para os alunos. Ou do operário que trabalhou nas obras do Minha Casa Minha Vida que seriam entregues pela presidenta, com salários atrasados há dois meses. O helicóptero presidencial posou sob uma área descampada de mais obras do Minha Casa Minha Vida, estas paradas e com os operários demitidos e sem receber os salários atrasados. No pouso e na decolagem dos helicópteros da caravana presidencial, uma grande nuvem de poeira estendeu-se pelo local, afastando até mesmo os policiais que faziam a segurança das autoridades e cercavam a área para deixar os servidores afastados.

Além de denunciarem um veto que, na análise dos servidores, é inconstitucional, e que por isso deve ser derrubado, pois afronta um projeto de lei de iniciativa do Supremo e que contou com aprovação e análise do Congresso Nacional, tendo cumprido todos os ritos (a justificativa apresentada pela presidenta põe em xeque a principal Corte do país, ao aventar, o Executivo, a inconstitucionalidade de um projeto advindo do Tribunal Constitucional da República), os servidores denunciaram ainda os cortes em áreas essenciais, como Saúde e Educação. Para eles, o ajuste fiscal é na verdade um “arrocho fiscal”, que sacrifica apenas trabalhadores, pois os lucros dos bancos seguem intocados, batendo recordes a cada balanço divulgado. Vários populares, mesmo agraciados com as obras entregues por Dilma na capital maranhense, ao passar pelo local, concordavam com as críticas, citando como foram atingidos com os cortes em benefícios sociais, como o seguro-desemprego.

Ao levantar voo, os helicópteros da caravana presidencial puderam ver faixas como “Respeite o Judiciário”, “PLC 28 Derruba Veto” e “Ordem é Judiciário Independente” sendo erguidas em suas direções, contrastando com faixas levadas para apoiar a presidenta. Mesmo não tendo sido convidados para a festa, o barulho feito pelos servidores do Judiciário Federal chamou a atenção de quem passava pelo local, contribuindo não apenas para destoar da onda de apoio fabricada pelo governo do estado do Maranhão e pelas prefeituras, mas para diversificar os discursos. Com isso, o Maranhão viveu um momento democrático, em que pese e destoe disso o assessor palaciano que julgava estar promovendo uma festa privada entre amigos: foi possível demonstrar não apenas o apoio que a presidenta já chegou esperando receber, mas, também, as críticas que uma parte do público julgava necessária levar, com um pauta clara e com foco, mais uma vez mostrada para ela, mas também para a população, contribuindo para abrir o diálogo sobre a relevância do fortalecimento do Poder Judiciário e do Ministério Público Federal para as instituições do país.

Nesta terça-feira, os servidores em greve voltam a se concentrar em seus locais de trabalho: como é feriado na Justiça Federal, as concentrações acontecem na Justiça Trabalhista (Fórum Astolfo Serra, às 9h) e TRE/MA, às 13h. Na quarta, dia 12, a estes voltam a se somar os servidores da Justiça Federal, com as concentrações a partir do meio-dia nas instalações do Calhau e da Areinha.

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