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Debate de opressões e violências é destaque na tarde de sexta-feira (30)

Questões  de gênero e  minorias agitam tarde de debates no penúltimo dia de Congresso; congressistas exigem respeito e igualdade de direitos

As coordenadoras Elcimara Souza, Lucena Pacheco e Juscileide Rondon  dividiram a mesa com Jailson Lage ( Sindjufe/BA) para conduzir o debate mais aguardada do 11º Congrejufe.Um dia após intensa manifestação das mulheres contra assédio e demais formas de violências ao gênero, entrou em pauta as questões da diversidade.

Os temas abordados como racismo,homofobia,violência de gênero e feminicídio entre outros foram previamente debatidos nas lives pré-congressuais realizadas pela Federação durante todo o mês de março. 

Em fala inicial,a coordenadora Juscileide Rondon reafirmou a importância de se discutir a temática nos Congressos da Fenajufe. Para Jusileide, as opressões de gênero, raça, sexo e etc não são exclusividade só dos patrões e que “isso ocorre entre nós também no campo progressista, de esquerda onde não deveriam ocorrer e que "haveria de se ter uma “consciência mais avançada em relação a isso”, concluiu.

A coordenadora Lucena Pacheco reconheceu que dentro do PJU,os temas de opressão ainda são desprezados e que é preciso entender que “opressão não é qualquer coisa, não é “mimimi”. Pacheco lembra que como entidade de classe “somos um público seleto, que ainda discute isso na categoria e espera que “as pessoas dêem muito significado às palavras que serão ditas aqui”.

Já Elcimara registrou o vergonhoso aumento no número de casos de feminicídio no País. A dirigente reforçou que o governo Bolsonaro escancarou todas as outras formas de violência e opressões. Elcimara lembrou ainda que na escala das opressões as mulheres, negros e negras e população LGBTQIA + estão em primeiro lugar e  que é “debatendo que se combate essa disparidade”.

Cláudia Alves Durans, uma das palestrantes ressaltou o aprofundamento da miséria do povo negro na pandemia de Covid-19 e a invisibilidade de pretas e pretos no serviço público e questiona o percentual de servidoras e servidores negros(as) no Poder Judiciário.

Ainda Segundo ela, “no Brasil 76% de pobres são negros contra 1% dos mais ricos enquanto os pobres empobreceram ainda mais na conjuntura de pandemia”. Para a doutora em serviço social,“é preciso compreender essa realidade para se conscientizar do que é opressão e o que é racismo". 

Para finalizar, a pesquisadora disse que é necessário entender que “não é a escravidão que gerou o racismo e sim o racismo que foi consequência da escravidão. E por isso é fundamental que os sindicatos construam coletivos para discutir e combater as formas de opressão em suas instâncias.

Rosana Fernandes, secretária adjunta de Combate ao Racimo da Central Única dos Trabalhadores (CUT) parabenizou a mesa e reforçou que o debate do machismo, racismo, homofobia e "todas discriminações que estamos enfrentando no Brasil é muito importante não só para a categoria do  PJU e MPU, mas para toda sociedade".

A secretária cutista relembrou que desde a infância  aprendeu a reconhecer o que é racismo e machismo. “Nossa sociedade reproduz o machismo e racismo o tempo todo”.Segundo ela vivemos numa sociedade em que somos avaliados (as) pela cor da pele, cor do cabelo e orientação sexual."

Sobre preconceito de gênero lembrou que o Brasil é o país que mais se mata,  se agride e desrespeita a população LGBTQIA+. É preciso perceber que essas opressões estruturam a sociedade. Ela realirma que a base da pirâmide social brasileira é extremamente excludente e finaliza: o “grande desafio é construir políticas para mudar essa realidade”.

Após falas das palestrantes manifestações  de  mulheres vítimas de discriminação, assédio e/ou  violência de gênero causaram emoção e indignação no plenário.Um depoimento em especial chamou atenção. Foi o registro da servidora Maria Elizabethe dos Santos Fontes (Bete). A delegada pelo Sisejufe/RJ chegou às lágrimas ao relatar ser a única servidora negra da seção judiciária (JF) em que trabalha. 

Carregado de emoção, seu relato deixou os (as) participantes ouvintes com um misto de indignação e emoção. Foi possível perceber o compartilhamento da dor e sentimentos com a servidora. Alguns (as) com lágrimas nos olhos. 

Antes do encerramento das discussões, delegados e observadores presentes no 11º Congrejufe apresentaram um manifesto em apoio às mulheres. A iniciativa foi decorrente da denúncia de que colaboradoras haviam sofrido assédio no dia anterior no ambiente congressual.

O documento repudia assédio, desrespeito,  e discriminações que vitimizam mulheres no dia a dia.

Manifesto assinado pelos delegados e observadores do 11º Congrejufe ( AQUI)

Joana Darc Melo, texto e fotos

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