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Em defesa da greve que barrou a PEC, das reuniões ampliadas e da verdade

Por Ruy Almeida, coordenador do Sintrajufe/RS e membro do Luta Fenajufe

Este artigo é de inteira responsabilidade do autor, não sendo esta necessariamente a opinião da diretoria da Fenajufe

Na última semana, nossa categoria encerrou, vitoriosa, a primeira etapa de uma dura batalha que enfrentamos neste ano. A aprovação por unanimidade, no CNJ, da nota técnica pela inconstitucionalidade da PEC 59/13 coroou uma greve construída com dificuldades, com a participação de apenas cinco estados (Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso, Bahia e Alagoas) que garantiram benefícios aos colegas em todo o país. A greve demonstrou que é na rua que podemos derrotar os ataques a nossos direitos e alcançar a tão desejada valorização salarial, e mesmo forçar o CNJ, que em 2009 emitiu nota técnica pela aprovação da então PEC 190/07, a rever sua posição.

No entanto, enquanto alguns se esforçavam em ir à luta, construir a greve e alcançar a vitória, dirigentes sindicais da categoria, ligados à CUT e ao governo federal, optaram por não chamar a greve em seus estados e passaram a criticar quem lutava, colocando a disputa política interna em primeiro plano, em prejuízo aos interesses da categoria.

No último dia 11, um dirigente da Fenajufe e do Sindjus/DF publicou, no site da federação, um artigo onde criticava a manutenção da greve nacional, por conta da adesão de poucos estados; desprestigiava as reuniões ampliadas da Fenajufe enquanto instâncias deliberativas da categoria; e, pior, distorcia e manipulava fatos para sustentar uma posição que, em última análise, desrespeita uma greve que conquistou avanços fundamentais, tanto na questão salarial quanto na luta contra a retirada de direitos.

Vale lembrar que, na reunião ampliada da Fenajufe que determinou o estado de greve nacional e o indicativo de deflagração para 29 de abril, tal encaminhamento foi aprovado por unanimidade – com o voto do mesmo dirigente que não chamou a greve e que, em seu artigo, criticou o indicativo aprovado e reclamou de que as determinações das ampliadas não são cumpridas! É importante registrar, também, que o colega que assina o referido artigo fez, em assembleia do Sindjus/DF, referências negativas à greve em estados como MT, BA e RS, descendo ao nível de falar em adesão de apenas quinze colegas, o que não é verdade. Com toda certeza, não é dessa forma que se constrói uma greve, e tampouco é assim que se honra todo o esforço financeiro necessário à realização das ampliadas.

Se, antes da greve deflagrada nacionalmente em reunião ampliada da Fenajufe, o cenário era catastrófico para a categoria, hoje dormimos um pouco mais tranquilos: a PEC 59/13 não avançou, viramos o jogo no CNJ com a aprovação da nota técnica e garantimos avanços em relação à proposta de reajuste salarial, única forma concreta de derrotar a ameaça das carreiras exclusivas para os tribunais superiores. Tudo isso foi fruto da greve, do esforço pessoal de cada colega que tomou para si a responsabilidade de ir à rua defender a categoria, em cada um dos cinco estados, e que merecem ser respeitados.

Mais que apontar o dedo, criticar, desrespeitar instâncias legítimas da categoria e criar disputas que não garantem avanços, é importante que os colegas que não chamaram a greve passem a se preocupar e pensar em como podem construí-la. Encerramos, na última semana, uma etapa vitoriosa garantida por poucos estados, mas a batalha segue e é ainda maior: em agosto, vamos precisar voltar à carga com toda força possível, e somente unidos, como em 2002 e 2006, conseguiremos vencer novamente. Só a greve nos deu condições de barrar a PEC, e só a greve poderá barrar a fragmentação da carreira e garantir nossa valorização.

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