Este artigo é de inteira responsabilidade do autor, não sendo esta necessariamente a opinião da diretoria da Fenajufe
A divisão de nossa categoria não está na constituição de associações, mesmo porque existem as que são pretéritas aos sindicatos e Fenajufe.
A divisão de nossa categoria está na existência de objetivos que não refletem as aspirações da categoria. Refletem as aspirações políticas e partidárias em nossas instituições sindicais.
E a culpa é nossa. Categoria que se presta a ir às ampliadas, plenárias e congressos somente como massa de manobra.
E isso fica evidente no momento em que é oportunizado aos delegados o direito de se manifestar. Todo o “gado” põe os crachás na caixa para sortear os poucos momentos em que podemos expor as ideias, objetivos, lutas e anseios. Mas na hora de falar, quem vai? Somente os privilegiados donos da palavra.
Prática viciosa: o delegado é sorteado mas passa a palavra para seu líder, o “boiadeiro” que veio para tocar o “gado”, discursar e aparecer.
Outra prática que muitos dizem ser “democrática” é ficar em cima do muro. Se abster de votar e declarar voto. Porque não se pode declarar voto quando se vota realmente? Só os que não votam é que declaram voto. Democrático! Quanto tempo se gasta em nossas instâncias de deliberações com declarações de voto.
É nessa situação que se elegem, nos congressos, a liderança da Fenajufe, de forma que todas as chapas terão seu pedaço do bolo. Chegou-se ao absurdo, no último congresso, de criar mais um cargo na Diretoria para contemplar todas as chapas.
Nossa federação há muito tempo tem uma forma de eleição que não condiz com o significado da democracia. Democracia não é ter eleições em que sempre os mesmos são eleitos e não correm o risco de sair. O máximo que se permitem é um revezamento no poder.
A nossa forma de eleição é boa para os que levam seu “gado” para os momentos de decisão de nossa federação.
Hoje nós temos 4 (quatro) chapas eleitas na direção da Fenajufe. Eles se tratam por chapa 1, chapa 2, chapa 3 e chapa 4. Não há entendimento nas reuniões de diretoria, conforme relatos de participantes. Como um órgão de liderança poderá apontar nortes e motes para a categoria sem, sequer, ter entendimento em suas reuniões e deliberações?
Não sabemos quais os interesses que norteiam nossos dirigentes máximos da federação, pois as discussões são sempre sobre partidos políticos, centrais sindicais, pró ou contra governo. E os direitos dos servidores? E a busca pelo reajuste? A valorização da categoria?
Talvez a categoria não queira líderes que se entendam e que sejam claros nos seus objetivos: a luta pelo bem da própria categoria, antes aceitam que a liderança se preocupe com partidos políticos, centrais sindicais e governos.
Devemos nos perguntar por que nossa federação não consegue mobilizar os sindicatos em prol do bem comum ao servidor? Porque nossos líderes não têm capacidade de unificar a categoria?
A resposta é simples: nossos líderes refletem a posição de uma categoria “gado” que se presta a ser massa de manobra. Os filósofos já diziam que o povo merece o governo que tem. E nós temos a liderança que merecemos.
Enquanto tivermos uma categoria que não se preocupa em participar de assembleias, antes querem que tudo seja resolvido pela “internet” não teremos líderes que se prestem à lutar verdadeiramente pela categoria.
Dizem que Albert Einstein falou: “Temo o dia em que a tecnologia se sobreponha à humanidade. Então o mundo terá uma geração de idiotas”. Não deixemos que a tecnologia venha a se sobrepor à cultura do encontro. Não sejamos o início de uma geração de idiotas que aceitam tudo; que não nos valorizamos e não valorizamos o peso de nossos pensamentos e ideias.
O atual Papa, em visita ao Brasil disse: “devemos valorizar a cultura do encontro”. Concordamos com ele, pois somente no enfrentamento do “olho no olho” é que conheceremos nossos líderes e saberemos quem vai nos representar. É no encontro entre as pessoas que as máscaras caem e que conhecemos o outro, que sabemos como ele se porta. Valorizemos estes momentos de encontro com a efetiva participação de nós mesmos. Servidor seja importante para você mesmo. Passe a frequentar as assembleias, queira participar dos rumos da nossa categoria.
Sun Tzu em seu livro “A arte da guerra” nos ensina “ não adies o momento do combate, nem esperes que suas armas se enferrujem e o fio de tuas espadas se embote. A vitória é o principal objetivo da guerra” (L&PM, p. 28) portanto, vamos à luta, participemos dos momentos de decisão de nossa categoria. Não deixe que o “gado” decida por nós.