Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) caracterizou a Covid-19 como uma pandemia. O surto da doença originária pelo contágio do Novo Coronavírus já havia sido classificado pela OMS como uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional o mais alto nível de alerta da Organização.
O mundo todo se viu obrigado a criar medidas emergenciais de proteção à vida e saúde da população. A rotina foi quebrada em todos os meios. Social, acadêmico, doméstico e laboral. O mundo do trabalho foi parar dentro de casa. O teletrabalho passou a ser solução para empresas e órgãos públicos. No Judiciário o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicou resolução que instituiu o home Office no âmbito do PJU, prorrogada por duas vezes.
O trabalho em casa é uma realidade cada vez mais presente no dia a dia do brasileiro, neste momento de pandemia. O problema é que a maioria das empresas não estava preparada para garantir recursos necessários para os funcionários. Estes, por sua vez, por falta de hábito e conhecimento passaram a desenvolver as atividades laborais de forma incorreta e sem controle. Profissionais alertam quanto aos perigos que a inadequação pode acarretar para a saúde física e mental dos trabalhadores e trabalhadoras.
Má postura, móveis adaptados, iluminação precária, barulho externo, exposição demorada em frente ao computador. Tudo isso causa lesões e estresse. O resultado é o adoecimento. De acordo com os profissionais da saúde queixas como dores nas costas, fadiga, dores de cabeça e estresse emocional redobraram nos consultórios médicos. Para as mulheres que já exerciam jornada dupla, as consequências são ainda maiores. As tarefas profissionais somadas ao trabalho doméstico têm levado muitas delas a um caos emocional.
As queixas não param por aí. Algumas empresas e órgãos cobram metas e produtividade. A perda da noção de jornada a partir da fusão entre o tempo do trabalho e o tempo livre, corrobora para isso gerando desgaste físico e mental. Neste contexto de pandemia onde muitos perderam o emprego, intensificar a produção para garantir lugar no mercado de trabalho contribuem para metas inalcançáveis e acúmulo de função.
Dificilmente deixamos de responder às demandas que surgem a qualquer momento do dia e da noite. No trabalho remoto as solicitações “fora de hora” tendem a ser ainda mais frequentes. Nessa Conjuntura de crise, trabalhadores tem receio de perder o emprego, acatam todas as demandas e se sobrecarregam de tarefas. Mas trabalhar em casa implica também em outros fatores que dificulta o bem estar pessoal. O isolamento influi na qualidade de vida e o convívio em família que deveria ser aspecto positivo, passa a ser objeto de estresse nas relações interpessoais. Pesquisa realizada pela maior plataforma de networking profissional do mundo (Linkedln) aponta que 62% dos profissionais em regime de teletrabalho estão mais estressados e ansiosos.
A naturalização do trabalho isolado ainda vem ao encontro de uma sociedade que preza pelo individualismo em detrimento do coletivo. A pandemia acentuou a nova tendência laboral. Grandes empresas já anunciam vagas em regime de home Office. Essa gestão neoliberal do trabalho tem contribuído para o adoecimento não só no Brasil, mas em todo o mundo.
Dicas para não adoecer:
• Adquira móveis ergonômicos
• Regule posição do computador de acordo com a visão
• Mantenha boa postura
• Cuide da iluminação no ambiente de trabalho
• Construa uma rotina de trabalho
• Procure cumprira a mesma carga horária do presencial
• Não faça mais do que seu corpo aguenta
• Mantenha mente sã.
• Faça alongamento a cada hora
• Pratique o lazer nas horas vagas.
Joana Darc Melo, da Fenajufe
Foto: Arquivo
Publicado por Luciano Beregeno