A Fenajufe encaminhou ofício aos sindicatos de base reforçando a importância de as entidades estarem envolvidas na construção da Marcha das Margaridas 2023. Após período pandêmico, a organização do evento almeja colocar 100 mil mulheres em marcha na capital federal nos dias 15 e 16 de agosto.
Para que o objetivo seja alcançado,foi lançada uma campanha financeira na internet que visa captar doações para a 7ª edição da marcha, que deverá entrar para a história como a de maior público já registrado.
A campanha pretende arrecadar 30 mil reais nos próximos dois meses, valor que será usado para custeio da manifestação, inclusive com deslocamento das mulheres camponesas com origem de todas as regiões do país. A cada R$ 100 reais arrecadados, a organização consegue custear viagem de duas “Margaridas” à Brasília.
Importante ressaltar que neste ano, a Fenajufe se somou à várias outras entidades na construção conjunta do maior evento de protagonismo feminino da América Latina. Nesse sentido reforça necessidade de engajamento dos sindicatos de base na campanha de arrecadação e participação no evento enviando representações à Brasília.
A Fenajufe também orienta os sindicatos a promoverem a divulgação do material da Marcha das Margaridas 2023 em suas bases. AQUI
Além da Federação fazem parte da construção a “Confederação Nacional das Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag)”, “Levante Feminista contra o Feminicídio”, “Borda Luta”, “Secretaria de Mulheres da CUT”, “Marcha Mundial de Mulheres”, (MMM),” União da Juventude Socialista” (UJS),” “Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA)”, “Secretaria de Mulheres do PSOL”, “Secretária Agrária do PT/DF” entre outras.
Para incentivar participação, a Fenajufe está disponibilizando o código promocional usado com a rede “Plaza Brasília Hotéis”, com desconto de 20% na tarifa das acomodações. A pessoa responsável pelas hospedagens do sindicato no período, deve informar o código promocional FENAJUFE 23 e seguir o passo a passo conforme especificado (AQUI).
A Federação alerta, no entanto, que é preciso se antecipar para garantir o desconto uma vez que estão sendo esperadas em torno de 150 mil pessoas para o evento.
A marcha é também um ato político que busca dar mais visibilidade, reconhecimento político e social, cidadania e autonomia econômica para as mulheres. Além da luta por igualdade e liberdade, visa, ainda, denunciar a exploração, a violência e o machismo nas sociedades do mundo inteiro.
Doações podem ser feitas na página da Marcha das Margaridas na plataforma Benfeitoria, acessando o link https://benfeitoria.com/projeto/marchadasmargaridas2023
Origem
Margarida Maria Alves (1933-1983) é símbolo da luta das trabalhadoras do campo por direitos.
Assassinada a mando de latifundiários, a líder sindical inspirou a criação da chamada Marcha das Margaridas, que acontece em agosto, desde o ano 2000.
Margarida nasceu em 5 de agosto de 1933, em Alagoa Grande (PB). Era a filha mais nova de nove irmãos. A família vivia na zona rural até ser expulsa das terras por latifundiários. A questão agrária fazia parte da vida de Margarida e, em 1973, ela se tornou Presidenta do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande.
Entre as lutas travadas estavam a busca pela contratação com carteira assinada, o pagamento do 13º salário, o direito das trabalhadoras e dos trabalhadores de cultivar suas terras, a educação para seus filhos e filhas e o fim do trabalho infantil no corte de cana.
Foi, ainda, responsável por mover mais de 100 ações trabalhistas na Justiça do Trabalho local que estavam relacionadas, principalmente, com grandes proprietários de terras e usineiros. Por conta da sua atuação, teve a morte encomendada por fazendeiros.
Margarida foi assassinada na porta de casa, em 12 de agosto de 1983, com um tiro no rosto, na presença do marido e da filha. Ela já vinha recebendo ameaças desde antes e, em discurso no Dia do Trabalhador daquele ano, em 1º de maio, ela declarou: “Da luta não fujo. É melhor morrer na luta do que morrer de fome.”
Em homenagem a Margarida, as mulheres trabalhadoras rurais criaram, em 2000, a Marcha das Margaridas, que se tornou a maior ação conjunta de mulheres trabalhadoras da América Latina.
Joana Darc Melo