Após seis meses, a Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga questões como envio de recursos federais aos estados e municípios e se houve omissão do governo para o combate a pandemia finalizou o relatório.
Além de trazer à tona o agravamento da saúde pública e privada no país, a CPI escancarou o descaso e irresponsabilidade do governo com a vida humana. Muitos foram os erros que provocaram o colapso no sistema de saúde e alastraram óbitos por onde a doença passou.
A CPI busca uma resposta a ser dada aos brasileiros e brasileiras que acompanharam com horror as declarações negacionistas do presidente da República, enquanto enterravam seus mortos. Até o momento São 605.644 mil famílias enlutadas.
Vale reafirmar aqui que seu governo é também responsável pelos 14 milhões de desempregados, aumento da fome e da miserabilidade no país e pelo aprofundamento da intolerância e de todas as formas de violência.
Com denúncias de corrupção e envolvimento com milícias o mandatário ainda pode ser indiciado por oito (8) crimes pontuados pela CPI da Covid.
Entre o que se considera crime, estão charlatanismo, prevaricação, infração a medidas sanitárias preventivas, emprego irregular de verba pública e crimes contra a humanidade.
Na última semana a Comissão Parlamentar de Inquérito colheu depoimentos de familiares de vítimas da covid. Os relatos causaram comoção. Um deles em especial levou às lágrimas o tradutor de libras (língua brasileira de sinais) que teve de ser substituído no momento.
Outro relato de um pai, igualmente comovente, mostrou toda indignação com o descaso do presidente ao banalizar a vida com a resposta “e daí?”,em referência ao aumento do número de mortes.
Ainda na mesma semana, o projeto a “Memória não morrerá” levou para o Senado Federal, (casa em que tramita a CPI), trabalho desenvolvido por mulheres bordadeiras onde expressa solidariedade, indignação e clamor por justiça para as famílias das vítimas. A coordenadora Lucena Pacheco e a diretora do Sisejufe, Soraia Garcia estiveram presentes no manifesto.
Denominado “Coletivo Linhas do Rio”, o projeto nasceu no Rio de Janeiro e encontrou na arte uma forma de denunciar negligência do governo federal com a crise sanitária resultando nas mortes que ainda assolam o Brasil.
Para o Coletivo, “é preciso nunca esquecer que cada um desses seres humanos possuía história e sonhos. Todos eram os amores de alguém”. O trabalho é realizado por grupos de artesãs solidárias do Rio/RJ, Belo Horizonte/MG, Brasília/DF, São Paulo/SP e do grupo “Mulheres da Resistência no Exterior” com sede em Nova Yorque, além de contar com colaborações individuais de Olinda/PE, Niterói/RJ e Curitiba/PR.
Integrantes do Projeto a “Memória não morrerá ”e as bordadeiras do “Linhas do Rio” farão vigília na Câmara Municipal do Rio de Janeiro no momento da leitura do relatório marcada para ocorrer nesta terça-feira(26) e recolherão nomes para bordar nos painéis de protesto em honra aos mortos da Covid.
Por isso e muito mais, milhares de pessoas não se cansam de manifestar repúdio e indignação por suas ações que já viraram deboche para o resto do mundo.
A última manifestação levou 700 mil pessoas às ruas no Brasil. No exterior houve atos em 8 países. A torcida agora é para que o mandatário do país seja responsabilizado por tudo que a pandemia de covid-19 trouxe.
E é ainda com esse cenário que o governo quer acabar com o funcionalismo. A reforma administrativa vai trazer precarização social, penalizando toda classe de trabalhadoras e trabalhadores retirando seus direitos aos serviços públicos essenciais.
Brasileiros e brasileiras não suportam mais tamanho desrespeito e desvalorização aos serviços prestados por servidoras e servidores públicos. Nesse sentido, seguem incansáveis na luta contra a PEC 32 até que a proposta seja derrubada.
Vale registrar que o presidente Bolsonaro insiste em continuar com sua política negacionista e negligenciar a letalidade da Covid. O presidente insinuou em sua participação em live semanal que pessoas vacinadas de covid estariam contraindo o vírus HIV. A comunidade científica reagiu com incredulidade.
A declaração absurda levou parlamentares de oposição a protocolarem nesta segunda-feira (25/10), uma notícia-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o presidente Jair Bolsonaro por associar vacina contra a covid-19 e Aids.
A rede social Facebook excluiu todo o conteúdo da live que virou vergonha nacional.
Joana Darc Melo, da Fenajufe