O segundo dia de trabalhos no 11º Congresso Nacional de Servidoras e Servidores do PJU e MPU (Congrejufe) começou com importante debate sobre conjuntura nacional e internacional. Na condução da mesa, os coordenadores da Fenajufe Engelberg Belém e Erlon Sampaio; representando o Sintrajusc, o coordenador Paulo Roberto Koinski, que depois foi substituído pela coordenadora Maria José Olegário.
Para trazer luz à discussão, os convidados foram a ex-secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT e atual secretária de Mulheres da Federação Democrática dos Sapateiros do Rio Grande do Sul, Rosane Silva; e o professor livre-docente do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (IE/Unicamp), Plínio de Arruda Sampaio Junior.
‘Política da barbárie’
O professor Plínio de Arruda Sampaio, participou de forma virtual, e iniciou alertando sobre a atual crise capitalista estrutural que “tampa o buraco cavando um buraco maior ainda”, escancarando a gritante crise social existente no mundo. Plínio explicou que a eclosão da guerra na Ucrânia coloca em curso um processo de desglobalização que busca hostilizar a China e isolar a Rússia. Nesse sentido, a guerra impacta o Brasil de forma cruel, uma vez que o País se encontra vulnerável, com baixo crescimento, inflação alta, e com trabalhos ofertados de péssima qualidade.
Plínio ressaltou que a política da burguesia é a “política da barbárie” e que essa política é potencializada pela burguesia criando um abismo no tecido social, incluindo a tentativa de encerrar a pandemia por decreto. Existe, hoje, uma ostensiva permanente sobre o trabalho, sobre os trabalhadores e meio ambiente. A burguesia, então, permitiu a volta de uma política econômica ortodoxa, com aumentos das tensões sociais e aumento das tensões políticas, resultando, assim, em um colapso nacional iniciado com a política de Michel Temer e com a eleição de Bolsonaro: “Uma volta ao século 19”.
Já olhando para 2022, o professor destaca dois eixos da “política da barbárie”:
• Primeiro, a continuidade do modelo econômico vigente com a manutenção da política do teto de gastos e da redução estrutural da presença do estado;
• Segundo, a legitimação do golpe institucional à classe trabalhadora.
Nessa perspectiva, o professor apresenta alguns desafios para 2022: derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo, dose máxima do neoliberalismo e da violência política; e colocar em xeque o modelo econômico-político atual.
Bolsonaro não é ‘cachorro morto’
Sobre o pleito deste ano, Plínio prega cautela e avisa: “Bolsonaro não é ‘cachorro morto’, ele é porta-voz de uma discurso anti-sistêmico” e, mesmo com toda tragédia, Bolsonaro continua vivo; de acordo com o professor, o presidente da República confronta as instituições e isso mobiliza a base raivosa dele.
O palestrante afirmou que Bolsonaro não será derrotado sem grandes mobilizações e que uma vitória eventual do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva não resolve o problema, apenas atenua. Sem uma mudança estrutural, o problema volta. Na figura do Bolsonaro ou de outro. Por isso é fundamental ir para rua e construir a unidade da classe.
Política de destruição da democracia
A secretária de mulheres da Federação Democrática dos Sapateiros do RS, Rosane Silva, também iniciou frisando que a atual conjuntura é bastante delicada com a guerra na Ucrânia e com a tentativa da extrema direita de tomar espaços de poder no mundo. No entanto, há sinais claros do avançar da democracia na América Latina como a disputa eleitoral na Argentina, no Chile, Honduras, entre outros países.
Rosane reitera que a política do governo Bolsonaro é a política de destruição da democracia, que se iniciou ainda no golpe contra a ex-presidente Dilma, em 2016, e culminou no governo Temer com a reforma trabalhista, ‘a ponte para o futuro’, até a reforma da Previdência de 2019 resultando em: 20 milhões de brasileiros que vivem na miséria, que não tem o que comer; 14 milhões de desempregados e crescimento da informalidade no País; inflação de dois dígitos.
A secretária destacou a importância da valorização do serviço público, principalmente durante a fase mais crítica da pandemia de Covid-19, onde servidoras e servidores do SUS, trabalharam na linha de frente da pandemia salvando muitas vidas.
Eleição estratégica
Para Rosane, a eleição em 2022 é estratégica na disputa de ideias, para se contrapor e mostrar para a população que existe uma saída: derrotar Bolsonaro e as ideias bolsonaristas e toda a sua política de ataque às mulheres, que resultou num expressivo aumento do feminicídio, ataque às instituições e ataque aos trabalhadores.
A ex-secretária da CUT ressalta que é importante reforçar que o Brasil é o País da distribuição de renda, das políticas públicas universais, do direito das mulheres, dos negros, direitos LGBTQIA+ e que é possível revogar a reforma trabalhista, revogar o teto de gastos e acabar com a independência do Banco Central.
De acordo com Rosane, é possível fazer uma nova Previdência, reforma trabalhista, reforma tributária mais justa (onde quem ganha mais pague mais), reforma política e estrutural. Dessa forma, é fundamental a unidade da classe trabalhadora: ocupar as ruas e fazer um diálogo mais próximo com a população para construir um Brasil para todas e todos. “Tudo o que a classe trabalhadora conseguiu foi com muita luta”, destaca.
Assista a íntegra dos debates:
{vembed Y=IYy3NqrQwR0}
Os trabalhos da parte da tarde do 11º Congrejufe seguem assim:
14h Regimento Interno e Apresentação de Recursos de assembleias;
15h – Eleição da Comissão Eleitoral
16h – Apresentação das teses gerais
16h30 – Lanche
17h30 – Plenária Final – Resolução de Conjuntura
18h – Prestação de Contas
18h – Término do credenciamento do dia
18h às 20h – Reservado para reuniões das delegações
20 às 23h – Confraternização – banda Scala
Raphael de Araújo