Este artigo é de inteira responsabilidade do autor, não sendo esta necessariamente a opinião da diretoria da Fenajufe
O termo “sangue azul”, que historicamente marca a existência de fidalgos e nobres foi utilizado largamente pela presidenta Dilma para identificar segmentos de servidores federais e, com isso, coibir os pleitos legítimos de reajustes salariais no ano passado. A comparação proposta pela presidenta foi muito infeliz, pois, fidalgos e nobres não trabalham, não prestam concursos concorridos e não se especializam em nada. Além disso, ganham com a cara e tem muitos empregados para explorar. Porém, tudo que a grande dama do planalto profere vira “mantra” na imprensa brasileira. Com isso, os servidores públicos federais, incluindo os do Judiciário, foram massacrados em telejornais e revistas de grande circulação. Fomos tratados como “elite” e como resultado, tivemos o PCS truncado e os salários publicados.
Precisamos lembrar que a mistura “servidor, governo e imprensa” é antiga. Foi ela que elegeu Fernando Collor ao empunhar a bandeira da “caça aos marajás”. A imprensa, leia-se Rede Globo, Veja e outras, amplificou o discurso e superdimensionou casos isolados, causando a indignação na população que, embalada pela novela “Que rei sou eu?” da Globo, optou pelo Mandarim das Alagoas. Qual a diferença entre “marajás” e “sangue azul”? O método é o mesmo, a imprensa a “mesmíssima”, e está provado cientificamente que funciona. A fórmula é simples: interesses do governo + imprensa paga pelo governo + população sem senso crítico – servidores públicos federais = vitória do governo e derrota dos servidores. Lembremos que a matemática é uma ciência exata.
Esta é a História e este é o ambiente que se anuncia pelos próximos dez anos. Os partidos que têm chance de eleição para o Planalto, isto é, PT, PSDB, PSB, DEM E PMDB utilizam a mesma fórmula na prática em governos estaduais e municipais. Nesse panorama, claro como água de fonte limpa, resta aos servidores públicos uma organização inteligente nos sindicatos e federações. É um erro uma avaliação contrária. Observemos que o governo utiliza o nosso dinheiro dos impostos para bancar uma imprensa gigantesca contra nós. Assim, alimentamos o monstro que nos devora e envenena. A sindicalização de cada servidor é o único antídoto a nosso favor, pois com a contribuição sindical poderemos transmitir uma informação honesta que esclareça a população sobre a realidade que nos aflige e organizar as nossas lutas contra as propostas nefastas que são geradas todos os dias no Governo e no Congresso Nacional.
Não somos “marajás” nem temos “sangue azul”. Somos servidores que amam o seu trabalho, conquistado com batalhados concursos e longas jornadas de estudos. Se há “marajás” estão nos tribunais pelos velhos vícios das elites que adoram dar boa vida a filhos incompetentes e afilhados bajuladores. Esta é uma velha chaga que o obsceno sistema político brasileiro não vai deixar curar nunca.
Janilson Sales de Carvalho é Coordenador Geral do SINTRAJURN