Assembleia promovida pelo Sindijufe-MT decide pela greve por tempo indeterminado a partir do dia 29 de abril

A greve por tempo indeterminado no judiciário federal de Mato Grosso terá início no dia 29 de abril. Foi o que deliberou a assembleia geral extraordinária da categoria, realizada pelo Sindijufe-MT, na manhã desta quarta-feira, no TRT-23, por decisão unânime dos participantes. Também foi aprovado por unanimidade que a Categoria manterá 30% dos serviços essenciais durante a greve.

O Sindijufe-MT tomará todas as providências necessárias, incluindo a comunicação da deflagração da greve aos três órgãos do judiciário federal no Estado. O sindicato também fará um trabalho de divulgação da greve junto à categoria, com panfletagens na justiça do trabalho, justiça eleitoral e justiça federal, chamando os servidores para a greve.

A aprovação do dia 29 para o início da greve partiu de um encaminhamento da diretoria executiva do Sindijufe-MT, uma vez que o calendário de mobilização apresentado pela Fenajufe estabelece que os estados têm até esta data para aderir ao movimento.

Além do judiciário federal, têm ainda os Servidores Públicos Federais (SPFs), que também estão se organizando para cruzar os braços. Esta, portanto, será uma greve unificada, com pautas comuns e pautas específicas de cada categoria. No judiciário federal, o desrespeito à data-base e o congelamento salarial que o governo Dilma tenta impor estão entre as motivações da greve, e a categoria também lutará a criação de carreiras exclusivas nos tribunais superiores.

Em Mato Grosso a construção da greve já vem sendo feita desde o começo do ano pelo Sindijufe-MT, em discussões levadas à categoria em todas as assembleias gerais extraordinárias, como a de hoje, que teve vários informes, sobre a pauta da greve, jornada de trabalho e outros assuntos.

Justificando sua adesão à greve, o servidor da justiça do trabalho e diretor do Sindijufe-MT, Walderson de Oliveira Santos, ressaltou que não gosta de greve e nunca gostou. “Faço greve por necessidade primária, e não para comprar carro novo, essas minhas ilusões já se foram há muito tempo”, disse ele, acrescentando que é um técnico judiciário em final de carreira, que tem algumas vantagens que alguns de seus companheiros não têm, e que no entanto está ganhando pouco.

“Então eu não posso deixar que o meu vencimento baixe mais ainda, porque não vou mais ter nem mesmo força para lutar, e volto a falar que não gosto de greve. Lá fora às vezes somos vistos como baderneiros ou preguiçosos, tem gente que acha que estamos ganhando bem, e administração nenhuma vê a greve da gente com bons olhos, mas eu não estou preocupado com isso, e sim com a defasagem salarial no meu bolso e com o mínimo necessário que preciso ter para garantir a sobrevivência da minha família”, desabafou Oliveira.

A oficial de justiça avaliadora federal, Mari Rochenbach Ribeiro, que também é membro do Conselho Fiscal do Sindijufe-MT, informou que antes da assembleia de hoje houve uma reunião entre os oficiais de justiça, cujo entendimento, segundo ela, foi o de que Mato Grosso não fosse o primeiro estado do Brasil a entrar em greve, para evitar desgastes. “Porém, a gente acha que a greve é necessária, e entendemos que a data adequada seria o dia 29 mesmo. Portanto, eu, Mari, sou a favor da greve a partir do dia 29 de abril, e meus colegas pensam na mesma linha”.

Para o servidor da justiça eleitoral e diretor do Sindijufe-MT, Rodrigo de Freitas Silva Araújo, a definição quanto à data da greve foi fundamental, para que todos da categoria entrem juntos desta vez, tendo assim mais possibilidade de pressão junto ao governo para que as reivindicações sejam atendidas.

“Sem a greve, sem a mobilização e sem a força os trabalhadores não conseguirão que suas pautas sejam atendidas”, observou ele. Quanto à construção da greve na justiça eleitoral, ele ponderou que apesar das dificuldades que surgirão com a administração, é necessário que os Servidores se conscientizem que este é um preço da greve, que tem que ser pago, mas que, acima de tudo, sem essa luta e sem a greve a categoria não conseguirá atingir os seus objetivos. “Sabemos que existem as dificuldades, mas temos que superar esses obstáculos para conseguir a construção desse movimento”, concluiu Rodrigo.

O também diretor do Sindijufe-MT, José Roberto Magalhães Campos, servidor da justiça do trabalho, complementou as considerações dos colegas dizendo que, diante da defasagem salarial e das movimentações nos tribunais superiores pela criação de carreiras exclusivas, bem como pela tramitação da PEC 59/2013 (que trata da unificação das carreiras dos servidores públicos federais do judiciário com os estaduais), este é um momento de gravidade para a Categoria, que por esta razão deve partir com coragem e determinação para a greve.

“Tudo, neste momento, sinaliza no sentido de um rebaixamento, ainda maior, da nossa Categoria, e temos que reagir a esta realidade, que compromete as condições do nosso trabalho e o nosso desempenho”, finalizou José Roberto.

Fonte: Sindijufe-MT

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