Este artigo é de inteira responsabilidade do autor, não sendo esta necessariamente a opinião da diretoria da Fenajufe
Para se formular, no título desta reflexão, assertiva tão peremptória a respeito do movimento sindical, qual seja, a de que está degenerado, apresenta-se-lhe, a etimologia desse termo. Com a internet, é fácil fazer-lhe a remessa das fontes da informação. Neste endereço (aqui), tomar-se-á conhecimento de que “degenerar” foi ‘gerado’ da raiz gens. Nesse link registra-se: “esta palavra latina vem de uma fonte Indo-Europeia gen– ou gnê-, ‘gerar, engendrar, fazer nascer’”. Há no endereço mencionado riqueza de informações a respeito disso. Não a trarei para este texto, a fim de evitar torná-lo longo e cansativa esta sua leitura. Aí, informa-se que “degenerar” tem o sentido de “perder as suas qualidades essenciais [naturais, primitivas, primeiras, originais[1]], corromper-se”. E é isso o que asserto[2] quando intitulo esta reflexão com “a causa da degeneração do movimento sindical…”
Pois bem. Ciente de “o que significa ‘degeneração’”, adentrar-se-á no campo da reflexão justificadora da assertiva aqui formulada.
A origem dessa degeneração – asserto – está aqui, nesta tese em especial e em algumas outras de K. Marx contra Feuerbach: “os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo”[3]. Essa 11ª tese contra Feuerbach é também conservada na cultura do seguinte modo: “os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; [mas] o que [realmente] importa é transformá-lo”[4]. Uma outra tese, digna de registro, é esta: “a vida social é essencialmente prática. Todos os mistérios que seduzem a teoria para o misticismo encontram a sua solução racional na práxis humana e no compreender desta práxis”[5].
Contribui com essa origem acima registrada – e é essencial para a degeneração do movimento sindical – a existência de um “dogmatismo marxista ou marxismo dogmático”. O elemento dogmático ‘gera’ o processo de degeneração pelo simples fato de que “dogma, termo de origem grega, significa, literalmente, ‘o que se pensa é verdade’”[6] e também que “determinado ponto em uma doutrina é dado como indiscutível, inquestionável, uma verdade absoluta que deve ser ensinada com autoridade”.
Basta tangenciar o marxismo para se constatar que existem vários pontos nessa “doutrina” “dados como indiscutíveis, inquestionáveis, [são] verdades absolutas, que devem ser ensinadas com autoridade”. Essa assertiva que se acaba de apresentar não carece de desenvolvimento para sua fundamentação. É um truísmo dizer que o marxismo é dogmático. A título de exemplo apresenta-se isto: não se admite o questionamento ao dogma (à verdade) de que o processo histórico é gerado pela luta de classes; não paira dúvidas – quaisquer dúvidas – de que, nessa luta, há os injustos (capitalistas) e os injustiçados (trabalhadores, classe trabalhadora); é absolutamente delirante a negação à seguinte afirmação: a realidade é material, esgota-se na matéria – nada há além de matéria, a consciência é um fenômeno material.
Então…
Juntem-se as “teses contra Feuerbach” e o “dogmatismo marxista ou marxismo dogmático” e compreender-se-á a completa degeneração do movimento sindical. Esses dois elementos suprimem toda possibilidade de análise crítica, reflexão livre, ousada, iconoclasta (destruidora do Marx portador da verdade científica irrefutável). Relativizar o marxismo, eis o que se percebe impossível no sindicalismo, ao menos o do PJU. Nesse cenário, é impossível trazer o novo para a realidade sindical. Ela está definida: é um instrumento da classe trabalhadora para lutar pela sua emancipação (etc, tudo daí derivado). Não são necessárias quaisquer reflexões que ultrapassem o paradigma marxista; afinal, resta à humanidade pós-Marx restringir-se ao campo da ação, da práxis, conforme sua exortação/afirmação em a 11ª tese contra Feuerbach. O campo da reflexão livre, destruidora de dogmas e falácias está vedado ao sindicalizado. O patrulhamento ideológico impera com força total nessa esfera, impera aí como em nenhum outro campo.
Vedado à reflexão criadora, nada resta ao sindicalizado senão vivenciar a seguinte situação: a consciência alienada ignora sua situação – situação de alienação ao pensamento marxista, ao mestre Marx, ao portador da verdade libertadora da classe trabalhadora. A consequência não é outra senão a sua manutenção em um estado de ignorância e exploração. Antes, essa consciência alienada fora mantida ignorante e explorada pelos capitalistas (linguagem marxista). Agora, essa consciência, alienada ao pensamento marxista, não consegue libertar-se dessa alienação, pois não é capaz de constatar que tal pensamento nada é além de um pensamento; não consegue constatar que a realidade está “para muito além de uma concepção teórica”. Aprisionada ao seu “esquema de interpretação do mundo”, torna-se ignorante do que “o mundo efetivamente é!!!”.
Que o sindicalismo seja o espaço livre para a reflexão mais absolutamente destruidora de dogmas; só isso pode regenerar essa realidade… realidade, constatável imediatamente, senil, anacrônica e, como eu disse, degenerada.
[1] Acrescido pelo “redator” deste texto.
[2]Assertar (http://www.dicionarioinformal.com.br/assertar/)
Expressar-se sobre algo com muita segurança e positividade, mas demonstrando enorme respeito pelos ouvintes.
Assertividade é ser íntegro sempre e, não apenas permitir, mas também incentivar que as pessoas à sua proximidade também ajam de forma semelhante.
Ser assertivo é modificar o nossos conceitos de negativo para positivo; – levando em consideração os direitos de todos,ou seja, forte expressão e grande respeito, para com as pessoas a nossa volta,tentando ajudar a desenvolver a auto-estima.
[3] Tese 11 (http://www.marxists.org/portugues/marx/1845/tesfeuer.htm).
[4] http://pt.wikiquote.org/wiki/Filosofia
[5] Tese 8, no endereço já mencionado acima.
[6] http://www.significados.com.br/dogma/