Organizar a resistência democrática contra o desmonte do serviço público e dos nossos direitos

por Denise Carneiro, servidora da Justiça Federal da Bahia

Findadas as eleições presidenciais no Brasil, o candidato de extrema direita Jair Bolsonaro (PSL) sagrou-se vencedor com cerca de 55% dos votos válidos, seu adversário ficou com cerca de 45%. Os votos nulos, brancos e abstenções bateram recorde histórico (quase 30%).

Precisamos compreender que o contexto de profunda crise econômica, social e política, o desalento de parcelas de nosso povo, a raiva de parte do funcionalismo, e uma análise a nosso ver equivocada sobre as correlações de força, foram a senha para a subida ao Planalto de alguém que construiu em torno de si a falsa aparência do “novo” e que seria a panacéia para o Brasil, com uso escandaloso uso de fake news através do WhatsApp (com indícios de financiamento por grandes empresas via Caixa 2).

O cenário que se apresenta com a eleição de Bolsonaro exigirá de todos nós um balanço rigoroso e sincero, inclusive do PT, das razões que nos levaram a essa situação, sem colocar lenha no fogo da disputa por concepções, nem, por outro lado colocar no paredão os colegas que votaram nessa candidatura, e nem estender essa conta à grande parcela dos que se abstiveram de votar. Ao contrário, sabemos que a maioria de nós não coaduna com a essência dessa candidatura e seu viés autoritário, preconceituoso e violento, e logo que vejam no bolso, na vida e ao nosso redor os dramas sociais gerados pelo resultado das urnas, certamente serão mais braços nos ajudando na resistência. E precisaremos deles. Todos e todas nós.

Bolsonaro foi eleito defendendo uma concepção de estado hegemônica nos séculos XIX e início do XX, mas o nacionalismo foi trocado pelo mais selvagem neoliberalismo e na esteira vem o desmonte total do serviço público, a queima dos direitos sociais e trabalhistas, o reforço ao agronegócio sem as barreiras ambientais, e muitas outras medidas catastróficas para os segmentos mais vulneráveis da população. Para fazer tudo isso ser aprovado ele precisa barrar a mobilização popular através da criminalização dos movimentos sociais, ampliando a Lei Anti-terrorismo aprovada no governo Dilma, e utilizando o Decreto 9.527/2018 de Temer que cria a chamada “Força-Tarefa de Inteligência” além de estimular a mentalidade preconceituosa de parcela da população e seguir com os fakenews. 

A nossa luta se dará no campo democrático, em defesa dos direitos do trabalhador, dos interesses nacionais e do meio ambiente, contra o aprofundamento das opressões, em defesa do serviço público e do servidor. E o chamado vai a todos e todas. 

Não temos tempo para buscar culpados. Temos que organizar a nossa resistência, e isso tem que ser pra já!!

 

 

 

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