Em comunicado divulgado no domingo (16), o Comando Nacional de Greve (CNG) dos professores das universidades federais indica a suspensão unificada da greve nacional, que teve início em 17 de maio. A suspensão deve ocorrer esta semana, até o dia 21 de setembro. “De 17 de maio até agora construímos uma greve forte, que unificou a categoria em torno da reestruturação do plano de carreira e valorização e melhoria das condições de trabalho. Apesar da força da greve, não conseguimos inverter a correlação de forças, nem superar a dureza do governo no que diz respeito aos dois pontos de nossa pauta, daí porque entendemos que devemos partir para um novo patamar de luta”, avalia a presidente do Andes-SN (Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior), Marinalva Oliveira.
Para o Comando de Greve do Andes-SN, a greve realizada este ano, marcada pela intensa mobilização interna e por ações unitárias com estudantes e técnico-administrativos, mostrou para a sociedade a disputa por projetos distintos de educação. Também foi uma greve que contou com uma grande participação da base, “aproximando um número significativo de novos docentes da luta e do sindicato”, além de ter desencadeado o ciclo de greve de outros segmentos da educação, bem como a greve do conjunto dos servidores públicos federais.
Ainda segundo a nota do Comando de Greve dos professores, durante todo o período, o governo fez ataques ao movimento grevista, com ameaças do corte de ponto e de judicialização da greve. “Mesmo assim, os professores não esmoreceram”, afirma o comunicado. A greve é considerada a maior dos últimos 20 anos da história do Andes-SN. Até então, a greve mais era a de 2005, com 112 dias.
Ataques do governo e continuidade da luta
Segundo o sindicato nacional, durante todo o processo negocial, o governo não dialogou com a pauta apresentada pelos docentes, baseada em dois pontos: reestruturação da carreira e valorização e melhorias da condição de trabalho. “Intransigente, recusou-se a dialogar com nossa proposta de carreira, mesmo diante de todas as tentativas por parte do movimento docente para reabrir as negociações e apresentação de uma contraproposta, fazendo prevalecer seu objetivo estratégico de adequar nosso trabalho às determinações de um modelo, que desorganiza a educação federal”, argumenta o Comando Nacional de Greve.
O sindicato explica que com o intuito de encerrar a greve, o Palácio do Planalto enviou ao Congresso Nacional, no final de agosto, o PL 4368/12. Esse projeto, segundo comunicado do Comando Nacional de Greve, tem uma “lógica amplamente rejeitada pela categoria nas assembleias de base, uma vez que desestrutura ainda mais a carreira, descaracteriza o regime de trabalho de dedicação exclusiva, fere a autonomia universitária e contém a retirada de direitos, na medida em que não aplica as disposições do decreto 94.664/87 (PUCRCE)”.
Os dirigentes sindicais dos docentes também avaliam que além dessas duas estratégias, o governo buscou fragmentar as greves, praticamente coagindo as demais entidades de servidores a assinarem acordos, correndo o risco de ficarem sem reajustes no próximo ano.
“Nesse contexto, a maioria das assembleias gerais apontou para uma suspensão unificada do movimento grevista, indicando a necessidade de revigorar as estratégias da luta que continua, agora num outro patamar. Nesse processo, a categoria deve articular a luta pelas condições de trabalho, negociar as pautas locais, intervir a respeito da reestruturação da carreira, mantendo e ampliando o saldo organizativo conquistado na greve”, orienta o Comando Nacional de Greve do Andes-SN.
Da Fenajufe, com informações do Andes-SN