Surgido em 1990, na primeira Corrida pela Cura de Nova Iorque, o Outubro Rosa é uma campanha de conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e de colo de útero, que utiliza como símbolo um laço rosa. Atualmente esta iniciativa vem se popularizando e chamando a atenção pela ação de iluminar de rosa monumentos, prédios públicos, pontes, teatros e até propriedades privadas. Em diversos lugares do mundo, a iluminação rosa é compreendida como a união dos povos pela saúde feminina.
O Outubro Rosa tem como foco combater a mortalidade por câncer de mama, que é o segundo tipo de câncer que mais mata pessoas no mundo, perdendo apenas para o câncer de pele. Dentre os fatores de risco, destacam-se a primeira menstruação precoce (com menos de 12 anos), menopausa tardia (mais de 55 anos), primeira gestação após os 35 anos, não amamentação, obesidade, histórico familiar (parentes de 1º grau), sedentarismo e dieta gordurosa. Somente no ano de 2011, a doença fez 13.225 vítimas no Brasil. A orientação para todas as mulheres é que o autoexame de mama seja feito frequentemente e, a partir dos 50 anos, é necessário fazer a mamografia.
A luta das mulheres pelo atendimento à saúde tem sido grande para que o SUS garanta o tratamento ao câncer com prioridade e os planos de saúde deem a devida cobertura a estes casos. Muitos direitos ainda dependem de leis que precisam ser aprovadas pelo Congresso Nacional. Neste mês de outubro, por exemplo, as mulheres esperam a aprovação de dois importantes projetos. Um deles é o PLS 406/2011, que garante o acesso às políticas de prevenção, detecção e tratamento do câncer de mama por mulheres com deficiência. O outro é o PLS 352/ 2011, que garante a inclusão do medicamento de uso oral contra o câncer, a quimioterapia oral, nas coberturas obrigatórias dos planos de saúde para permitir tratamento domiciliar.
Para a coordenadora da Fenajufe, Eugênia Lacerda, o Outubro Rosa é uma ótima iniciativa para conscientizar as pessoas sobre a importância da detecção precoce do câncer de mama. Mas não é só isso, busca incentivar as mulheres a se cuidarem tanto física quanto psicologicamente. É uma campanha fantástica que as entidades sindicais e Órgãos do PJU e do MPU não podem deixar de aderir.
Mais uma oportunidade para lembrar outras lutas das mulheres
Aproveitando a visibilidade do Outubro Rosa, vale lembrar que a luta das mulheres vai mais além, principalmente com relação a direitos iguais nas relações de trabalho. No Brasil, elas representam 46% da classe trabalhadora e já são maioria no serviço público. Mesmo assim, grande parte delas trabalha nos setores menos remunerados e ocupa a maioria dos postos terceirizados. Com relação ao trabalho masculino, as mulheres recebem, em média, 33% menos que um homem para uma mesma função. Esta diferença, entre outras coisas, é fruto do machismo secular que permeia a sociedade brasileira.
Este machismo, antes de manter a desigualdade no mundo trabalho, acentua a violência contra a mulher, sobretudo no ambiente familiar. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a taxa de mortalidade de mulheres em razão de violência doméstica no Brasil foi de 5,82 óbitos para cada 100 mil mulheres entre 2009 e 2011. Os crimes são geralmente praticados por homens, principalmente parceiros ou ex-parceiros, em situações de abuso familiar, ameaças ou intimidação, violência sexual, ou situações nas quais a mulher tem menos poder ou menos recursos do que o homem. No país morrem anualmente 5.664 mulheres por causas violentas, o que representa uma a cada hora e meia. E além do conflito de gênero, a questão racial é outro sério problema, pois a maioria das vítimas era negra (61%).
Por Eduardo Wendhausen Ramos