As coordenadoras da Fenajufe Elcimara Souza e Lucena Pacheco participaram do VIII Encontro Nacional de Mulheres da Federação Judicial Argentina, em Santa Rosa de Calamuchita, na província de Córdoba. O encontro ocorreu entre os dias 15 e 17 de junho e reuniu, aproximadamente, cem mulheres de várias províncias da Argentina, além da presença de Graciela Panizza, da Asociación de Funcionários Judiciales Del Uruguay.
A participação da Fenajufe no encontro reforça a integração da luta das mulheres e do funcionalismo público em toda a América latina. O recrudescimento do neoliberalismo no Continente tem vulnerado cada vez mais as trabalhadoras. No Brasil, a reforma trabalhista e a proposta de reforma da Previdência são exemplos disso.
O evento contou com a contribuição da psicóloga, escritora e jornalista feminista Liliana Hendel e da doutora em filosofia e diretora do Observatório de Gênero no Conselho de Magistratura da Cidade de Buenos Aires Diana Maffía, que discutiram as dificuldades impostas por uma sociedade machista e um judiciário patriarcal que não reflete a realidade e as necessidades das mulheres no acesso à Justiça – e nas relações de trabalho. As mulheres são as maiores vítimas de assédio moral, sexual e as mais prejudicadas com sobrecarga de trabalho fruto da dupla jornada.
No painel chamado “El sindicalismo es con nosotras: violência de gênero nos sindicatos e acordo coletivo com perspectiva de gênero” o debate foi sobre a importância da ocupação das mulheres nos espaços de negociação coletiva, tendo em vista indicações de pautas – sob o olhar feminino – com uma perspectiva de gênero. Outro ponto abordado no painel foi sobre o machismo nas instâncias sindicais e as ferramentas que permitem seguir na busca da paridade e equidade de gênero.
Para a coordenadora Elcimara Souza, o Encontro de Mulheres da Federação Judicial Argentina foi uma oportunidade para conhecer um pouco da organização das trabalhadoras argentinas, suas reflexões e problemas enfrentados. Permitiu ainda aprofundar discussões sobre os ataques à classe trabalhadora, que na Argentina enfrenta atualmente o governo Macri, e sobre o machismo. “Para nós da Fenajufe está colocado o desafio de avançar nesse debate e na organização das mulheres, uma vez que atualmente a composição da entidade é majoritariamente masculina. Além disso, temos como tarefa votada no Congrejufe a realização de um encontro de mulheres”, explica.
Já para a coordenadora Lucena Pacheco, o evento foi importante para observar o quão as mulheres do judiciário argentino estão engajadas na conquista de seus direitos – enquanto trabalhadoras – e pela interferência no processo social. “Identificamos que nossos problemas são semelhantes: violência contra a mulher; não observância de paridade; falta de formação; referência nos textos e falas sempre no masculino”, alerta. De acordo com a coordenadora, o encontro foi inspirador. “Acredito que poderemos construir um coletivo de mulheres na Fenajufe que irá fortalecer nossa participação não só no meio sindical, mas no Judiciário Federal”, completa.
Outros temas debatidos no encontro: a importância da participação das mulheres no espaço sindical e nas comissões de negociação com a administração; a necessidade de democratização do judiciário; acesso à Justiça, falsa síndrome de alienação parental; respeito à diversidade sexual no poder judiciário, inclusive com o uso de uma linguagem inclusiva; negociação paritária a partir de uma perspectiva da economia feminista; o impacto da lei de alienação parental na vida das mulheres e a preparação para o 34º Encontro Nacional de Mulheres que ocorrerá em outubro e contará com a participação de mulheres de todo o país.
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