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Greve geral: Sintrajufe/RS se une a demais trabalhadores em grande mobilização contra a reforma da Previdência

"Bolsonaro, pode esperar; esta reforma não vai passar!". Essa e outras palavras de ordem ecoaram em centenas de cidades do Brasil durante essa sexta-feira, 14, quando os trabalhadores foram às ruas em defesa de Previdência pública e contra a PEC 6/2019 do governo Bolsonaro. Houve atividades de greve em mais de 100 cidades no estado. Em Porto Alegre, o dia foi marcado por um grande ato público unificado, no final da tarde, convocado pelas centrais sindicais e reunindo cerca de 50 mil pessoas no Centro da cidade. Antes disso, houve diversas atividades descentralizadas. O Sintrajufe/RS organizou atividades de "esquenta" que contou com a presença de diversos sindicatos e entidades representativas da advocacia e do movimento social. O movimento grevista atingiu todos os estados e o Distrito Federal (DF); o transporte público foi afetado em 21 das 27 capitais brasileiras e, em 19 delas, os ônibus não circularam. No Judiciário Federal e no MPU, a adesão foi de 19 sindicatos em 17 estados e no DF (no RS, além de Porto Alegre, a categoria participou da greve em diversas cidades – a relação completa e fotos serão divulgadas na segunda-feira).

Repressão marcou a madrugada

Na capital, na madrugada do dia 14, trabalhadores e estudantes, entre eles diretores e colegas da base do Sintrajufe/RS, fizeram piquetes na saída dos ônibus das garagens. Também houve bloqueio de trilhos da Trensurb. A Brigada Militar agiu com truculência, usando bombas de efeito moral, gás de pimenta, jatos de água e, a triste novidade, até espadas. O resultado foi um grande número de feridos, inclusive entre colegas da categoria. Mais de 50 pessoas foram presas, a maioria jovens.

Caminhada e "esquenta" na Justiça do Trabalho

Apesar de as administrações terem negado o pedido do Sintrajufe/RS para que não houvesse expediente, os colegas começaram, pela manhã, a concentração nas varas trabalhistas de Porto Alegre, onde foi servido salchipão como almoço. No início da tarde, em frente ao prédio, foi realizado o primeiro ato de "esquenta"; além de Porto Alegre, estavam presentes colegas de Canoas, Taquara, Novo Hamburgo, São Leopoldo e Cachoeirinha. O diretor do Sintrajufe/RS Cristiano Moreira deu informes sobre a greve no país e no estado. Lembrou que Jair Bolsonaro (PSL), "se aposentou aos 33 anos e agora quer que a população trabalhe até os 65". Chamando os colegas à mobilização, o dirigente ressaltou que a proposta do governo "nós derrotaremos com luta, com greve geral, como fizemos na reforma de Temer".

Para a juíza do Trabalho Valdete Souto Severo, representando a Associação Juízes pela Democracia (AJD) e a Fundação Escola de Magistratura do Estado do Rio Grande do Sul (Femargs), o projeto do governo Bolsonaro não se restringe ao desmonte da Previdência, mas avança para o desmonte do Estado. "A reforma ataca, sobretudo, quem ganha até dois salários mínimos; vai impedir o trabalhador de se aposentar", afirmou. A deputada federal Fernanda Melchionna (Psol-RS) afirmou que mesmo com as mudanças sugeridas na Câmara "o projeto segue sendo muito ruim". Para a deputada, é preciso seguir em frente, com a agenda dos trabalhadores, com o aumento das lutas unitárias, contra o projeto de retirada de direitos: "o Brasil é maior que Bolsonaro".

Priscila Voigt, da direção do Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas (MLB), afirmou que a reforma da Previdência, aliada à emenda à Constituição (EC) 95/2016, que congela investimentos públicos por 20 anos, jogará milhões de brasileiros na miséria. Para Priscila, é preciso fazer uma auditoria na dívida pública e cobrar dos sonegadores do INSS. A importância da unidade também foi ressaltada por Denis Einloft, representante da Associação Brasileira e da Associação Gaúcha de Advogados Trabalhistas (Abrat e Agetra). Ele afirmou que "A defesa dos direitos sociais e de uma existência digna" passam pela unidade de luta dos trabalhadores. Da mesma forma, Pietra Gomes Ferreira, do Movimento dos Advogados Trabalhistas Independentes, disse que somente juntos conseguimos lutar contra o retrocesso e nos fortalecer: "vamos resistir; eles não vão nos vencer".

Caminhada e "esquenta" na Justiça Federal

Das varas trabalhistas, os servidores saíram em caminhada pela Av. Praia de Belas, onde fizeram uma breve parada em frente ao TRT4, chamando os colegas à luta. Depois, seguiram até o Tribunal de Justiça do Estado, na Av. Borges de Medeiros, onde se somaram à atividade os servidores do Sindjus/RS (servidores da Justiça Estadual); do Simpe (servidores do Ministério Público Estadual); da Abojeris (oficiais de justiça do estado); do SindsPGE (servidores da Procuradoria-Geral do estado) e Sindpers (servidores da Defensoria Pública do estado). No caminhão de som, representantes das diversas entidades revezavam-se nas falas, explicando à população sobre os malefícios da reforma, como ela atingirá os mais pobres, mais especificamente as mulheres, e que a reforma não combaterá "privilégios".

Em frente à Justiça Federal, nova parada para mais um ato de "esquenta". A colega da JT Canoas Elaine Lídia Craus explicou que os trabalhadores estavam na luta contra os retrocessos. Ela falou sobre a importância de dar visibilidade aos protestos: "resistência a gente vai ver na rua; a gente não conquista nada em casa, mas na rua". O colega Olavo Chaves, do TRF4, falou também sobre as condições de trabalho e saúde dos servidores, criticando os problemas e a sobrecarga gerados a partir do processo eletrônico. Também é preciso lutar pela revogação da EC 95/2016, cujos efeitos já se refletem com a falta de reposição de servidores, e contra a extinção da Justiça do Trabalho, disse o colega Zé Oliveira, do TRF4: "com unidade, continuemos a luta além do dia de hoje". O diretor do Sintrajufe/RS Fagner Azeredo, representando a JF Novo Hamburgo, também falou sobre a permanência da mobilização. Ele ressaltou que "é na luta que gente derrota os ataques" e "é com unidade que a gente consegue a vitória, avançando dia a dia".

Ato unificado reuniu cerca de 50 mil pessoas

Da Justiça Federal, a caminhada seguiu rumo à Esquina Democrática. Ao longo do percurso, os manifestantes receberam apoio da população: palmas, palavras de incentivo, das janelas dos prédios, buzinas de carros. Na Esquina Democrática, dirigentes sindicais, parlamentares, representantes do movimento social se revezaram para falar sobre os malefícios representados pela reforma e a capacidade da luta unificada para vencê-la.

No maior ato público do ano em Porto Alegre, foram cerca de 50 mil pessoas que, ao final da atividade, seguiram em marcha até o largo Zumbi dos Palmares. Nas palavras de ordem, nas faixas e nos cartazes, havia também mensagens mostrando a resistência da educação, dos servidores contra a privatização, contra os desmandos dos governos de Eduardo Leite e Nelson Marchezan. Com o colorido de faixas, cartazes e bandeiras, a percussão, a dança, os participantes do ato mostraram que a luta é forte, difícil, mas também tem muito de alegria quando se luta junto.

 

Fotos: Otávio Fortes

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