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Jantares e cargos submetem Câmara dos Deputados ao governo e PEC 241 é aprovada

Luciano Beregeno
Fotos: Arquivos Pessoais 

O governo de Michel Temer outra vez desconsiderou a necessidade das populações mais vulneradas socialmente e usou o rolo compressor para aprovar, em segundo turno, a PEC 241/16, a PEC da Impunidade, da Morte e do Desmonte do Serviço Público. Foram 359 votos favoráveis à proposta e 116 contrários numa sessão que teve início às 15h30 e foi marcada por tensões e embates.

Depois de dificultar ao máximo a entrada de sindicalistas e manifestantes que iriam acompanhar a sessão, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ), finalmente liberou o acesso às galerias. Organizados, estudantes universitários e secundaristas, ao lado dos poucos servidores que conseguiram quebrar as restrições de acesso, começaram a pressionar os parlamentares.

A cada pronunciamento favorável à PEC, gritos de ordem e vaias, na mesma medida em que aplausos era dedicados àqueles contrários à proposta. Irritados, deputados da bancada governista pediam a todo momento o esvaziamento das galerias, na tentativa de calar a voz das ruas ali representadas. A situação gerou tensão e em vários momentos foi necessária a intervenção de negociadores para evitar a retirada dos manifestantes.

O auge dos embates aconteceu por volta das 20h40 quando, provocados por deputados que apoiavam o governo durante a declaração de voto, estudantes responderam com gritos de ordem. Foi nesse momento que Maia determinou o esvaziamento das galerias pela Polícia Legislativa.

A partir daí o que se ouviu foram as galerias a uma só voz acusando os deputados de terem vendido o voto ao governo e aos banqueiros: “vota sim por dinheiro, prostituta de banqueiro”, entoavam os manifestantes, enquanto eram retirados. Do plenário, defensores da PEC davam adeus e desdenhavam dos estudantes: “Não esquece de receber o pão com mortadela aí na saída”, gritavam. O espetáculo, revelador, deu o tom da qualidade do parlamento brasileiro em sua composição atual.

Atentos, coordenadores da Fenajufe acompanharam desde cedo a sessão da Câmara dos Deputados, acompanhados por delegações de diversos estados que vieram a Brasília pressionar o parlamento. Atuando em várias frentes, dirigentes e servidores visitaram deputados e tentaram reverter posições. Mas o rolo compressor do governo funcionou pesado nos últimos dias. Estiveram na Câmara nesta terça-feira os coordenadores Adriana Faria, Costa Neto, Cristiano Moreira, Elcimara Souza, Gerardo Lima, Helênio Barros, José Aristeia, Julio Brito, Mara Weber e Marcos Santos, acompanhados por delegações do Sindjufe/BA, Sisejufe/RJ, Sintrajufe/RS, Sindiquinze/Campinas, Sindjufe/MS e outras delegações vindas de diversos estados.

Agora, a Fenajufe passa a trabalhar pela derrubada da PEC no Senado. A estratégia será definida em reunião do Forum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos, na segunda-feira (31/10). Independente do que for definido, a Federação continuará com a campanha de esclarecimento à população através das redes sociais.

Retrato
A manifestação das galerias foi, na verdade, apenas a repercussão dos atos que aconteceram em todo o país na segunda (24/10) e na terça-feira (25/10). Foi o resultado da crescente mobilização popular que segue construindo o movimento nacional de rejeição às reformas propostas pelo governo e que atacam os direitos dos trabalhadores e a garantia de um serviço público com o mínimo de qualidade no atendimento à população. E o ataque vai continuar.

Aceitando a agenda de reformas oferecida pelo governo em troca de cargos nos mais diversos níveis da estrutura governamental, o Senado, tal como a Câmara, já fechou cronograma de votação da PEC. Ao mesmo tempo e na esteira da aprovação da 241, o governo já anunciou para logo, a remessa da reforma da Previdência ao parlamento. O cenário é catastrófico e requer mobilização urgente e imediata.

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