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Em ato no STJ, servidores em greve dizem não à postura intransigente do ministro Ari Pargendler

Manifestantes lavam porta do tribunal e afirmam que ministro sai tarde e não deixará saudades

De forma irreverente e bem humorada, servidores do Judiciário e do MPU, em greve pela aprovação do reajuste salarial, promoveram um grande ato na tarde desta sexta-feira (30) em frente ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília. Denominada de “Bota Fora de Ari Pargendler”, a manifestação, promovida pela Fenajufe e pelo Sindjus-DF, foi realizada por ocasião da saída do ministro Ari Pargendler da presidência do STJ e teve como objetivo denunciar as sucessivas decisões deste tribunal determinando severas punições aos servidores que fazem greve para lutar por seus direitos e, mais recentemente, para reivindicar a justa revisão salarial. Decisões que têm atingindo não somente a luta do Judiciário Federal e do MPU, como também de outras categorias do funcionalismo.

No ato, que contou com a participação de mais de mil servidores, do Distrito Federal e de vários estados, os manifestantes, munidos de baldes, vassouras, rodos, sabão, água e sal grosso, lavaram a rampa que dá acesso à entrada do bloco principal do STJ. O coordenador da Fenajufe Paulo Falcão explicou que a lavagem foi para “limpar toda a sujeira que o STJ impõe à classe trabalhadora, com decisões que remontam ao tempo da ditadura”. Para o dirigente sindical, as recentes decisões do STJ caçam o direito de greve do funcionalismo público. “É preciso lavar com sal grosso e detergente esse tribunal, aproveitando a saída desse presidente, para que o STJ possa ter decisões favoráveis aos trabalhadores e não que os ataquem. Basta de perseguição, viva a luta dos trabalhadores”, disse Falcão, explicando o ato simbólico feito pelos manifestantes.

Joaquim Castrillon, um dos coordenadores gerais da Fenajufe, ressaltou a explicação sobre os motivos que levaram a categoria a promover essa manifestação em frente ao STJ. “Os servidores estão aqui dando o seu recado que são contrários à postura adotada pelo ministro Pargendler, que já vai tarde, sem deixar saudades. Não é só de salário que vive o servidor, mas também de direitos, inclusive do direito de greve. E é isso que viemos mostrar aqui na nossa manifestação”, enfatizou o coordenador da Fenajufe.

Ao fazer a crítica diretamente ao atual presidente do STJ, que deixa o tribunal nesta sexta-feira (31), Jean Loiola, dirigente do Sindjus-DF e também coordenador da Fenajufe, foi taxativo: “o ministro Ari Pargendler é o menino de recado da Advocacia Geral da União (AGU)”, ao determinar punições severas aos servidores que fazem greve. “Hoje vamos defenestrar desse tribunal essa figura que adota postura odiosa contra os servidores, que remonta aos tempos da ditadura. Ironicamente, o STJ, conhecido como o tribunal da cidadania, vem aprovando ações que atacam um dos mais basilares direitos do cidadão trabalhador num país que se pretende democrático, que é o direito de greve. É preciso que fique claro que não há democracia sem esse direito e que as decisões do STJ ridicularizam a classe trabalhadora, em especial a do funcionalismo público federal. Isso nada mais é do que a criminalização dos movimentos sociais, instituto comum em regimes ditatoriais. Esperamos, e vamos cobrar isso, que o próximo presidente tenha uma prática de dialogar com os servidores”, afirmou Jean.

Além dos coordenadores da Fenajufe também falaram durante o ato, representantes dos sindicatos presentes. “Aqui no STJ vale aquele ditado: em casa de ferreiro o espeto é de pau. Não podemos admitir mais posturas como essa, do presidente do STJ. Fora Ari Pargendler, que você não está deixando saudades”, afirmou José Francisco, coordenador executivo do Sitraemg-MG.

“Os servidores do STJ, que sempre participaram de nossos movimentos, encontram-se amordaçados pelo ministro Pargendler”, disse o diretor do Sindjus-DF José Oliveira Silva, conhecido como Zezinho.

Para o diretor do Sintrajusc-SC, Paulo Koinsk, o STJ vive um momento de retrocesso com o ministro Ari Pargendler na presidência. “Contra esses e outros ataques, estamos fazendo uma forte greve no Judiciário e no MPU em Santa Catarina. A nossa luta não é somente por salário, mas também pelo direito de greve e pela autonomia do Judiciário frente ao Executivo”, afirmou Koinsk.

O ato também contou com a presença do diretor da CUT-DF e do Sindicato dos Aeroportuários, Francisco Barros, que declarou seu apoio à luta da categoria e criticou, duramente, na condição também de trabalhador da Infraero, o pacote do governo Dilma, que privatiza aeroportos, além de portos e ferrovias.

Participaram do ato na tarde de hoje delegações do Sindjufe-BA, Sintrajusc-SC, Sindiquinze-SP, Sitraemg-MG, Sintrajufe-RS, Sindjus-AL, Sinjufego-GO, Sinsjustra-RO, Sintrajurn-RN, Sindjuf-PB, Sintrajufe-PI, Sinje-CE e Sindjus-DF.

Servidores abraçam tribunal

Antes do ato nacional da Fenajufe, cerca de 600 servidores do STJ, vestidos de branco, deram “um abraço” ao redor do tribunal, em um ato promovido pelo Sindjus-DF. Por volta das 13h, os manifestantes se concentraram na entrada do prédio administrativo, na parte posterior do tribunal, de onde saíram em caminhada, pela via pública, até a frente do STJ, na área próxima ao TST. 

Com palavras de ordem “Fora Ari”, os servidores apelidaram o ministro Ari Pargendler de “Ari-5”, em alusão ao AI-5 - Ato Institucional nº 5, baixado em 1968, durante a ditadura militar, que, dentre outras coisas, cerceou a liberdade de imprensa, instalou a censura prévia e fechou o Congresso Nacional. Os servidores também fizeram o enterro simbólico do ministro.

Ana Paula Cusinato, coordenadora do Sindjus-DF, durante o ato do “abraço” lembrou o episódio, amplamente divulgado na internet, do assédio moral, gratuito e grosseiro, que teria sido promovido pelo ministro Ari, contra o estagiário que estava a sua frente usando um caixa bancário nas dependências do tribunal. Ela também lembrou que o ministro atuou pelo aumento da jornada de trabalho dos servidores do STJ, cortou salário dos grevistas, sem direito à negociação para eventual reposição das horas, e impediu, em vários oportunidades, o acesso da equipe do Sindjus-DF para distribuição do boletim da categoria. “Já vai tarde e não deixará saudades”, afirmou Ana Paula.

Da Fenajufe - Leonor Costa

Foto: Joana Darc Melo  

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