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Xingar e tacar pedra resolve o quê?

Por Cledo Vieira, coordenador geral da Fenajufe e do Sindjus/DF

 

Este artigo é de inteira responsabilidade do autor, não sendo esta necessariamente a opinião da diretoria da Fenajufe

Durante a minha vida como militante e dirigente no movimento sindical, presenciei o nascimento de vários grupos, alguns vindos para somar e outros para dividir. Uns fizeram história, outros tentaram, por motivações diversas, acabar com a história já conquistada. Dentre esses agrupamentos, presenciei o surgimento do subsídio, que embora tenha feito muitas promessas, ficou conhecido como o grupo que xinga, que taca pedra e que pede a extinção dos sindicatos.

Mesmo depois de entrarem para a Fenajufe, o que só se dá por meio de um processo democrático, essa prática de tratar o sindicalismo como molecagem sem responsabilidade alguma não mudou, o que agrava ainda mais a situação, pois a federação deve ser espaço de luta coletiva e não abrigo de kamikazes.

Não há a menor possibilidade de se fazer uma aliança em prol da categoria com quem tem a visão de que só eles são corretos, os bons e tudo o que não é ligado a eles não presta devendo assim ser extinto. É certo combater conquistas só pelo fato de não terem sido conquistadas por eles? Não dá para negar o que é melhor à categoria só para satisfazer a politicagem de um grupo. Isso não é sindicalismo.

Sindicalismo é se doar a uma causa maior, independentemente da autoria desta luta. Sindicalismo é se unir em favor dos interesses da categoria. Sindicalismo é respeitar incondicionalmente a categoria. Sindicalismo é se comunicar, é dialogar, é debater. Sindicalismo é fazer um debate corajoso, sério, responsável e, acima de tudo, construtivo. Infelizmente, esse grupo não compreendeu isso até hoje.

Eu me pergunto quando é que esse grupo realmente lutou pela categoria e não encontro resposta. Pois, no processo do reenquadramento, por exemplo, não vi bandeira alguma do subsídio sendo agitada. Pelo contrário, alguns do grupo pregaram o não comparecimento dos servidores nos atos e assembleias de uma luta que interessava principalmente ao público alvo do subsídio – os novos servidores.

Nós precisamos de uma aliança para combater não só o Poder Executivo, mas o Poder Judiciário e o MPU. Talvez alguns não saibam, mas as metas do assedio moral e a desvalorização do servidor do Judiciário e do MPU, em sua maioria, são praticadas por magistrados e procuradores. Então não adianta mirarmos o Palácio do Planalto como solução dos nossos problemas.

Do que adianta tacar pedras em Dilma e no PT se não cobrarmos Joaquim Barbosa e Rodrigo Janot de suas responsabilidades com nossa categoria? Por maior que seja a pressão, a presidenta da República não vai nos dar reajuste por meio de Medida Provisória. É preciso criar uma aliança que seja capaz de pressionar as cúpulas do Judiciário e do MPU. Enquanto as pedras forem direcionadas para o Executivo eles vão gozar desta situação de conforto.

Ao querer dar continuidade a essa prática de tacar pedras e defender apenas o que interessa para eles não facilita em nada a luta da categoria, pelo contrário, atrapalha, pois se deixa de fazer o que é necessário perdendo tempo com picuinhas. Eu compreendo que a política governista é de sucateamento do serviço público e sou totalmente contra isso. Porém, não adianta querer tirar a Dilma Rousseff e botar o Zé Maria em seu lugar. A nossa luta deve ser contra todos que oprimem os servidores do Judiciário e do MPU.

É preciso que esse grupo entenda que o nosso maior inimigo hoje é o próprio Judiciário e MPU, que nos dão às costas enquanto propõem aumentos significativos para suas carreiras. É essa falta de compromisso com aqueles que fazem a Justiça funcionar diariamente que temos que combater duramente, independentemente de pertencer a este ou aquele grupo. 

Proponho que o subsídio largue as pedras e entenda que defender os direitos adquiridos pela categoria – como o reajuste dos quintos – é tão democrático quanto defender o reajuste da GAJ.

De que adianta esbravejar, xingar, atirar pedras? Que ao contrário de serem jogadas, as pedras sejam utilizadas para construir uma carreira mais sólida, respeitada e valorizada para os servidores do Judiciário e do MPU.

 

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